LUIZ GUILHERME GERBELLI
Poucos Estados brasileiros conseguiram “interiorizar” a geração de emprego nos últimos sete anos, período em que a economia do País apresentou crescimento mais vigoroso. Estudo feito pela reportagem com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, mostra que de janeiro a maio a participação das capitais na abertura de vagas formais aumentou ou ficou estável em 23 unidades da federação desde 2004.
Nos primeiros cinco meses do ano, 16 capitais elevaram a sua participação, ante 2010. “É um reflexo do aumento do emprego, que também puxa a formalização. Ela aumenta em um ritmo maior nos núcleos mais organizados”, diz Anselmo Santos, diretor adjunto do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho da Unicamp. “No momento de expansão, o crescimento é mais forte nessas regiões, assim como em épocas de crise”, explica ele.
Entre as capitais, destaca-se São Paulo. Desde 2004, a maior cidade do País continua ganhando peso na geração de vagas no Estado. Nesse período, a participação da capital paulista avançou de 26% para 33% do total de empregos.
“Em grande medida, conseguimos crescer os serviços e tivemos uma retomada industrial”, diz o professor de Celso Grisi, da Fundação de Instituto de Administração (FIA).
Entre as capitais brasileiras, Manaus tem o maior peso na abertura de vagas. Entre janeiro e maio deste ano, 94% dos empregos do Amazonas foram abertos na cidade, praticamente o mesmo verificado em 2004 (96%).
“A valorização cambial, que favorece a importação de produtos acabados, não tem afetado de forma significativa a expansão da Zona Franca de Manaus, um dos principais polos industriais do País”, diz o professor da Unicamp.
As capitais que mais ganharam força relativa na geração de novas vagas desde 2004 foram Porto Velho (RO), cuja participação subiu de 30% para 51%, e Natal (RN), que , alta de 30% para 51%; e Natal (RN), que avançou de 38% para 53% no período.
O Estado que mais conseguiu aumentar o peso das cidades do interior na geração de vagas foi o Amapá, cuja participação da capital Macapá na abertura de vagas caiu de 90%, há sete anos, para 82%, em 2011. Em igual período, a participação de Aracaju (SE) caiu de 66% para 60%, enquanto Belém (PA) viu sua fatia do total de vagas recuar de 36% para 32%.
Para o professor, não é mais possível promover um mudança na estrutura da geração de emprego. Ele diz que o governo deve criar políticas regionais de emprego onde mão de obra disponível.