O fazendeiro Luiz Bang, de Confresa, atribui a ação penal à “inveja de padres”
Ministério Público diz que Bang aliciou, em 2003, 136 trabalhadores “submetidos a condições degradantes e constantes agressões”
HUDSON CORRÊA – ENVIADO ESPECIAL A CONFRESA (MT)
Confresa (MT), cidade onde mais foram libertadas pessoas em condições análogas à escravidão, tem um candidato a prefeito acusado de aliciar trabalhadores para o trabalho escravo. Luiz Carlos Machado, 53, o Luiz Bang (PRP), foi preso em 2003, responde a ação penal, mas culpa a “inveja de padres”.
Dono de um patrimônio de R$ 11,46 milhões declarado à Justiça Eleitoral, Luiz Bang diz que seu apelido vem da época em que se andava armado na região de Confresa e, segundo ele, usar arma era questão de segurança. “Desde 1993 não uso arma, acho que hoje as coisas não se resolvem mais com armas”, afirma. O seu slogan de campanha é “Bang neles”.
O Ministério Público do Trabalho diz que, em 2003, Luiz Bang aliciou em Mato Grosso e no Maranhão 136 trabalhadores “submetidos a condições degradantes e constantes agressões”. Ele responde a ação por lesões corporais junto com Sebastião Neves de Almeida, o Chapéu Preto, dono da fazenda Cinco Estrelas, em Novo Mundo (MT), onde estavam os trabalhadores. Bang alega que, no dia da operação contra o trabalho escravo na fazenda, “apenas estava visitando o amigo”.
A reportagem pergunta se a fiscalização é tão leviana a ponto de acusar um visitante: “Às vezes você está no lugar errado, na hora errada, entendeu? Às vezes você pode estar aqui na minha casa na hora errada e no lugar errado”. E prossegue: “Mas, quando acontece isso, pode ter certeza que são sempre os padres, porque eles nunca gostaram de mim, não gostam de crescimento. Gostam que o povo viva na miséria”.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Confresa, Aparecida Barboza da Silva, 55, afirma que sofre ameaças de morte por acusações que faz. Aparecida lista sete fazendas onde, segundo ela, há indícios de trabalho escravo.