Matéria de sábado da Folha — Renda dos 5% mais pobres não compra nem dois pratos feitos por mês — revela, efetivamente, a tragédia que é o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Miguel Torres
Por qualquer ângulo que se observe o governo Bolsonaro — nesses trágicos quase 4 anos sob o ex-capitão — não se vê nada de positivo. O atual governo trouxe de volta, por exemplo, a fome ao Brasil mais pobre.
Segundo o portal Ação de Cidadania – Brasil Sem Fome, “a fome dobrou nas famílias com crianças menores de 10 anos” e “apenas 4 entre 10 famílias têm acesso pleno à alimentação”.
Na matéria, o jornal denuncia que a renda dos brasileiros 5% mais pobres numa metrópole como São Paulo, “pode não ser suficiente nem para comprar 2 unidades do famoso prato feito, o pê-efe, ou 1 quilo de carne por mês.
Sob Lula, o paredão da desigualdade, que dividiu o Brasil por séculos, começou a ruir e pela primeira vez na história brasileira, a renda dos mais pobres cresceu mais do que a dos mais ricos. Com Lula e Dilma, 36 milhões de brasileiros e brasileiras saíram da extrema pobreza e outros 42 milhões ascenderam à chamada “classe C”. A partir de 2016 esse fenômeno social começou a ser desmontado.
O Brasil havia deixado o chamado Mapa da Fome em 2014 com o amplo alcance do programa Bolsa Família. Estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) baseado em dados de 2001 a 2017 mostrou que, no decorrer de 15 anos, o programa reduziu a pobreza em 15% e a extrema pobreza em 25%.
Fome voltou à galope
“Em 2021, os cerca de 10 milhões que integravam esse grupo [os mais pobres] no País viram o rendimento mensal domiciliar per capita (por pessoa) despencar para R$ 39 em média”, revela a matéria da Folha.
“O tombo foi de 33,9% ante 2020 (R$ 59), o mais intenso entre as camadas da população investigadas na Pnad Contínua: Rendimento de Todas as Fontes 2021”, destrincha a matéria.
Pandemia e inflação
O binômio “pandemia e inflação” agravou a vida dos mais pobres. A primeira não era previsível, mas foi agravada pela má-gestão de Bolsonaro, que negou a doença, demorou a adquirir vacinas e estimulou a contaminação das pessoas, sob o falso argumento de que queria proteger a economia.
Até hoje, passados 2 anos da tragédia do coronavírus, ele insiste que a “estratégia” que defendeu era a mais correta. Não era. Os resultados em mortes e as consequências para a economia e as famílias evidenciam o contrário.
A inflação, que corrói a renda dos brasileiros mais pobres de forma mais rápida, evidencia que a política econômica de Bolsonaro/Guedes está no rumo errado.
Mais pobres sofrem mais
Estudo divulgado em maio pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) mostra que, em abril, quando a inflação é analisada por faixa de renda, o impacto da alta segue maior para a população de renda mais baixa, embora o fenômeno tenha sido detectado em todos os grupos analisados.
No segmento de renda alta, maior que R$ 17 mil por domicílio, a inflação foi de 1%, segundo o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda.
Na outra ponta, para a renda muito baixa, menor que R$ 1,7 mil, a variação foi de 1,06%.
Ao longo dos 4 primeiros meses de 2022, o segmento de renda muito alta percebe uma inflação de 3,7%, contra 4,5% de renda muito baixa.
Recomendo, então, para melhor compreensão dos números reveladores a leitura da matéria na íntegra. Aos destrinchar os dados fica evidente porque o Brasil deu esse imenso salto para trás. A Luta faz a Lei!
Miguel Torres
Presidente da Força Sindical, da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos) e do Sindicato do Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes.
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