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Brasil lidera pesquisa de clima econômico



País está à frente de Brics, vizinhos latinos, EUA e UE em sondagem da FGV que considera situação atual e perspectivas futuras

Retomada infla a percepção sobre o estado atual da economia do país; no geral, só Ásia e Oriente Médio estão melhores que a AL

PEDRO SOARES

DA SUCURSAL DO RIO

O Brasil vive hoje a melhor situação econômica entre os países da América Latina e experimenta crescimento acelerado há dois trimestres -e não apenas um período de recomposição das perdas geradas pela crise, como ocorre na maior parte das nações. Entre 11 países da região, mais quatro estão na mesma condição, e outros cinco já esboçam uma recuperação. O único que persiste em recessão é a Venezuela.

As conclusões são de economistas da região, ouvidos pela FGV (Fundação Getulio Vargas) para a Sondagem Econômica da América Latina, realizada sob coordenação do instituto alemão Ifo, da Universidade de Munique.

Entre os Brics, o Brasil também tem o melhor clima econômico. Nesse grupo, só a Rússia não conseguiu ainda crescer de modo consistente.

Pelos dados da FGV, o Índice de Clima Econômico, que mescla indicadores da situação atual da economia e de expectativas futuras, avançou de 7,4% em outubro para 7,8% em janeiro. Na média da América Latina, foi de 5,2% a 5,6%.

Segundo Aloísio Campelo, economista da FGV, o Brasil, baseado no consumo interno, saiu primeiro da crise. Entre as grandes economias do mundo, tem o mais alto índice de clima econômico, situação que já havia ocorrido em outubro.

“O Brasil, ao passar rápido pela crise e se manter sólido, mostra que tem fôlego para crescer em níveis elevados por muitos anos”, disse Campelo.

No caso brasileiro, melhorou a percepção sobre a situação atual da economia -cujo índice subiu de 6,4% para 7,7% entre outubro e janeiro. Já as perspectivas para o futuro refluíram -de 8,4% para 7,4%. “Isso ocorre porque o país já está melhor, já está crescendo de modo acelerado”, pondera Campelo.

Também estão em boa situação, segundo a sondagem, Peru, Uruguai, Chile e, mais recentemente, a Argentina, que ingressou numa rota de recuperação em janeiro. Todos, diz o economista da FGV, beneficiam-se principalmente da melhora dos preços de commodities.

Já Colômbia, Equador, Bolívia, Paraguai e México ainda patinam, na avaliação de economistas desses países. No México, a grande dependência da ainda dormente economia dos EUA é um entrave.

Na América Latina, só a Venezuela convive com a recessão, agravada pelo racionamento de energia e pela dificuldade de o país atrair investimento privado por causa da instabilidade institucional, avalia Campelo. Apenas 7,4% dos 94 países pesquisados ainda se encontravam em contração, na percepção dos especialistas locais.

Pelos dados da pesquisa, só Ásia e Oriente Médio estavam melhor que a América Latina. Entre os asiáticos, 73,3% já zeraram as perdas da crise e crescem -alguns, ressalta Campelo, nem sequer foram afetados pela turbulência, como a China.

Já no Oriente Médio, 66,7% dos países estão nessa situação. Na América Latina, são 41,2%. Na outra ponta, encontra-se a Europa, onde apenas 10,5% das nações já voltaram a crescer.