Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Blindar os direitos trabalhistas do Brasil

“Na semana passada, doze trabalhadores da Foxconn, a maior empresa chinesa subcontratada do mundo, se mataram. Não aguentaram a carga horária excessiva e os baixíssimos salários. Eles ganham R$ 240 por mês, ou R$ 8,00 por dia, ou um real por hora. Verdadeira escravidão. O que esta história tem a ver com a gente? As grandes multinacionais adotam há anos uma política de expansão para os países em que a mão de obra é mais barata, com um controle da produção rígido, próximo da escravidão.

É assim que se formou na China uma das maiores empresas subcontratadas do mundo, a Foxconn, que emprega mais de 800 mil trabalhadores e presta serviços para multinacionais como a Apple, Dell, HP, Nintendo e Sony. Além da carga horária excessiva e dos salários baixos os trabalhadores e trabalhadoras chineses não têm como se organizar de maneira independente para negociar melhores condições de vida, de salário e de trabalho com as multinacionais. Ou seja, lá não existem as proteções trabalhistas e sociais garantidas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

As multinacionais, ao expandirem para países como a China, testam um modelo que pretendem adotar no Brasil, caso consigam romper a blindagem de nossas leis trabalhistas. Por isso, há toda uma pressão e um lobby fortíssimo dentro na Câmara dos Deputados para flexibilizar as leis trabalhistas, com a redução das férias, do abono de férias, da licença maternidade e até do 13º salário. Sem contar as garantias que temos com o FGTS e o direito à PLR. Porque para trazer suas filiais para o Brasil interessa às multinacionais baixíssimos salários, como o de um real por hora que pagam aos trabalhadores chineses.

Interessa também submeter e desacreditar a organização e mobilização sindical, como os aliados das multinacionais tentam fazer a cada reportagem que publicam a respeito da classe trabalhadora brasileira. É importante ampliar nossa mobilização e levar nossas vontades para dentro do Congresso Nacional porque a expansão de nossa economia amplia o apetite das multinacionais. E aumenta a pressão sobre os parlamentares brasileiros através de empresas que articulam o fim dos direitos trabalhistas, que já conquistamos.

O discurso é indireto. Falam contra o custo Brasil, da suposta falta de competitividade do Pais, da falta de qualificação da nossa mão de obra. O objetivo é um só: minar a organização dos trabalhadores, de suas centrais sindicais e abalar a autoestima das principais lideranças sindicais e parlamentares. E essas articulações são realizadas num momento em que nossa economia cresce 9% no 1º trimestre e tem, segundo o IBGE, uma expansão anual recorde, quando crescemos 2,7% no primeiro trimestre ante os três meses imediatamente anteriores. É um “crescimento chinês” propagam as multinacionais e seus representantes que atuam no Brasil e ao mesmo tempo pressionam, direta e indiretamente, nossos deputados para flexibilizar as leis trabalhistas para nos impor “crescimento chinês” com salários de um real por hora.

E isso, nós trabalhadores e cidadãos brasileiros não deixaremos passar. Vamos ampliar ainda mais nossa mobilização e nas próximas eleições apoiar candidatos (deputados federais e estaduais, senadores, governadores e presidente da República) que provem, sem deixar dúvida, absoluto comprometimento com a CLT e com a blindagem dos direitos trabalhistas. Não vamos deixar que a situação de desespero que leva operários chineses ao suicídio venha a acontecer no Brasil”.

Artigo do Cícero Martinha, Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Por Andressa Besseler – Jornalista