“Há muitas formas de se contar e recontar a história. Creio que uma forma válida é identificar seus personagens e valorizar a contribuição de cada um, dentro das circunstâncias e das condições concretas da época.
Por isso, saúdo a Força Sindical, as demais Centrais e todas as outras entidades que organizaram o ato em São Bernardo do Campo, dia 1º, quando foram homenageados 600 trabalhadores sindicalistas e trabalhadores perseguidos pela ditadura.
Estive lá com vários diretores e assessores do Sindicato e ex-diretores, os quais foram perseguidos durante a ditadura. Eles receberam diploma em reconhecimento à corajosa atuação que tiveram na época. Como é sabido, nosso Sindicato nem tinha um ano de fundação quando foi invadido e saqueado por forças da repressão. A diretoria acabou cassada.
Não penso que devemos agir com revanchismo. Porém, é nosso direito recontar a história e mostrar às novas gerações que, lá atrás, quando fazer sindicalismo era correr risco de vida, existiram bravos companheiros que enfrentaram a repressão e cumpriram sua missão sindical.
O conhecimento da própria história é fundamental para a cidadania efetiva. Saber o que ocorreu, como, por que e quem foram seus personagens orienta o entendimento da realidade e nos faz compreender também a conjuntura atual, já que a história é uma sequência de causas e efeitos.
No sábado, reencontrei vários amigos, por quem todos temos admiração. Cito, entre outros, Gilson Menezes, que dirigiu a histórica greve da Scania em 1978; Audálio Dantas, então presidente do Sindicato dos Jornalistas na época do assassinato de Vladimir Herzog, e Hugo Peres, ainda hoje na ativa, que pensou e ajudou a articular a Conclat em 1981.
Havia tantos outros. Centenas. Entre os presentes estava também João Vicente Goulart, filho de Jango, presidente derrubado pelo golpe de 1964 e homenageado com justiça no último dia 1º. João Vicente reafirmou a necessidade de fazer as chamadas reformas de base, que ajudarão os avanços sociais em nosso País.
Homenageados – Pelos Metalúrgicos de Guarulhos, foram homenageados os companheiros Edmilson Felipe Nery; Antonio Roberto Mariano; Antonio Augusto de Jesus; Antonio Inácio dos Santos; além de Leopoldo Martins dos Santos e José Mathias (in memoriam).
A história é construída todos os dias, por lideranças destacadas e pessoas comuns, anônimos que muitas vezes jamais serão conhecidos ou reconhecidos. Todos, porém, são merecedores do nosso respeito. E respeito foi o sentimento dominante na homenagem do último sábado“.
Por José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
E-mail: pereira@metalurgico.org.br
Blog: www.pereirametalurgico.blogspot.com
Este artigo foi publicado no jornal Guarulhos, edição do dia 5 de fevereiro de 2014.