O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu nesta quarta-feira (10) cortar a taxa básica de juros (a Selic) em 0,25 ponto percentual, indo de 7,5% para 7,25% ao ano. Foi a menor redução em mais de um ano. Os últimos cortes têm sido de 0,5 ponto percentual, mas chegaram até a 0,75.
Essa é a menor taxa que o Brasil já teve desde a criação da Selic, em julho de 1986. Até então, o valor mais baixo tinha sido de 7,5% e estava em vigor desde 29 de agosto.
Agora, a poupança vai render 5,08% ao ano mais a TR (5,08% é 70% da Selic, conforme determina a nova regra). Com a Selic em 7,5%, a poupança estava rendendo 5,25% ao ano mais a TR.
Este foi o décimo corte seguido na taxa. A série de reduções começou em agosto do ano passado, quando os juros caíram de 12,5% para 12%.
A decisão faz a poupança continuar rendendo menos. Pelas novas regras da poupança, determinadas em maio deste ano, o rendimento fica menor sempre que a Selic estiver em 8,5% ou menos ao ano.
Antes das mudanças, o ganho da poupança era de 6,17% ao ano, mais a TR, em qualquer situação.
Mudança na poupança vale para depósitos feitos a partir de 4 de maio
Pelas novas regras da poupança, anunciadas pelo governo federal no começo de maio, sempre que a Selic ficar em 8,5% anuais ou menos, muda o rendimento dos depósitos feitos a partir de 4 de maio deste ano.
A mudança vale tanto para poupanças que já existiam e para as que foram abertas a partir de 4 de maio. O dinheiro que já estava nas poupanças antigas continua rendendo conforme as regras anteriores.
Com os juros em 8,5% ou menos ao ano, a “nova” poupança rende 70% da Selic, mais a TR (Taxa Referencial). Para os depósitos feitos antes de 3 de maio deste ano, nada muda. Nesse caso, o rendimento continua sendo o antigo, de 0,5% ao mês (ou 6,17% ao ano), mais a variação da TR.
Os bancos têm de informar o rendimento da poupança em dois blocos diferentes no extrato. Um dos blocos informará o rendimento dos depósitos feitos até 3 de maio. O outro deverá trazer o rendimento dos depósitos feitos depois de 4 de maio.
Governo tem tomado medidas para reduzir os juros ao consumidor
O governo tem tomado medidas para reduzir os juros diretos ao consumidor. A onda de cortes de juros nos bancos começou no início de abril, com os bancos públicos, e continuou com os bancos privados.
A preocupação com os juros é que eles dificultam o crescimento da economia. Com juros mais altos, as empresas investem menos, porque fica caro tomar empréstimos para produção, e as pessoas também reduzem seus gastos, porque o crediário fica mais caro. Essa situação deixa a economia com menos força. Reduzir os juros, ao contrário, estimula a produção e o consumo, melhorando o PIB (Produto Interno Bruto).
A taxa básica de juros orienta o restante da economia, mas há pouco impacto na vida prática de quem precisa usar o cheque especial ou cartão de crédito. Analistas dizem que essas taxas são tão altas que pequenas variações na Selic são incapazes de aliviar ou pesar no bolso no dia a dia.
Antes do início do governo Dilma, a Selic estava em 10,75%. No primeiro mês dela (janeiro de 2011), subiu para 11,25%.
A Selic é usada pelo BC para tentar controlar o consumo e a inflação ou estimular a economia. Quando a taxa cai, estimula o consumo. Quando sobe, reduz a atividade econômica porque os empréstimos e as prestações ficam mais caros.
O Copom foi instituído em junho de 1996 para estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa de juros.
O colegiado é composto pelo presidente do Banco Central e os diretores de Política Monetária, Política Econômica, Estudos Especiais, Assuntos Internacionais, Normas e Organização do Sistema Financeiro, Fiscalização, Liquidações e Desestatização, e Administração.
(Com informações da Reuters)