Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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BB vai injetar R$ 4 bi em montadoras

Com recursos em bancos de empresas, intenção é dar impulso a financiamento de veículos; agronegócio terá mais R$ 1 bi

Serra afirma que a Nossa Caixa também fará empréstimos para as montadoras; anúncio está previsto para terça-feira

JULIANA ROCHA – DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco do Brasil, Antônio Francisco de Lima Neto, confirmou ontem que a instituição vai injetar R$ 4 bilhões nos bancos das montadoras, para dar impulso ao financiamento de veículos.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, pretende apresentar essa ajuda para as montadoras hoje, em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, com empresários de diversas áreas.

Para o ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento), o setor automotivo deve crescer 10% em 2009, após as medidas do governo. Segundo ele, o setor não precisa de crédito para a produção, mas para o consumidor.

Após reunião ontem com Mantega, o governador de São Paulo, José Serra, disse que a Nossa Caixa também vai fazer empréstimos para bancos das montadoras. As condições serão anunciadas na terça-feira.

Serra admitiu que essa medida pode não ser suficiente para suprir a falta de crédito para o setor. “O dinheiro não é suficiente. Mas dá uma boa ajuda.”

Segundo Lima Neto, o BB aproveitará recursos disponíveis do compulsório- parcela dos depósitos que as instituições financeiras são obrigadas a recolher no BC.

Com a liberação do compulsório, o BB ficou com R$ 11 bilhões disponíveis para dar liquidez a outros bancos, mas só desembolsou R$ 3,8 bilhões até ontem. A Folha apurou que serão liberados mais R$ 800 milhões nesta semana e R$ 600 milhões na próxima. O valor pode chegar a R$ 6 bilhões, além da ajuda às montadoras.

Existem duas formas de fechar a operação: ou o Banco do Brasil compra diretamente as carteiras de crédito dos bancos das montadoras ou faz um empréstimo, usando a carteira de financiamentos como garantia.

Essa última modalidade funciona como o redesconto do Banco Central. O BB oferece um empréstimo e recebe como garantia a carteira de crédito, mas sem adquiri-la formalmente. Dos R$ 3,8 bilhões desembolsados, R$ 1,1 bilhão foi usado nesse modelo.

Ao injetar recursos nos bancos das montadoras, o governo facilita o acesso ao crédito para compra de veículos. As vendas de automóveis caíram 11% no mês passado se comparadas com as de setembro. A redução em relação a outubro do ano passado foi de 2,12%, a primeira queda registrada no ano.

Cédula rural

O ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) disse também que o BB vai oferecer R$ 1 bilhão em nova linha. A modalidade será com Cédulas do Produto Rural. Esse valor virá dos R$ 2,5 bilhões liberados da poupança rural na semana passada, autorizados pelo Conselho Monetário Nacional.

Segundo o Banco Central, R$ 52,2 bilhões já foram injetados nos bancos no mês passado devido às mudanças nas regras do compulsório. O valor se refere à diferença entre o total de compulsório retido pelo BC no final de outubro e o saldo apurado no último dia de setembro.

O governo também deve anunciar, durante a reunião do Conselhão, o valor de uma linha para capital de giro que o BNDES vai colocar à disposição das empresas com dificuldade de obter esse tipo de crédito.