Todos nós ficamos surpresos, e chocados, com a violência sofrida pela modelo e atriz Luiza Brunet, brutalmente agredida pelo marido. O agressor é um empresário rico, esclarecido e sempre citado como exemplo de sucesso nas colunas sociais e programas de TV.
A agressão à modelo – uma mulher de 54 anos – acontece semanas depois de um escabroso caso de estupro coletivo no Rio de Janeiro. Ocorre, também, dez dias após o Supremo Tribunal Federal abrir processo contra o deputado federal Jair Bolsonaro, por ter feito apologia do estupro durante bate-boca com uma deputada.
Em nosso País, os dados referentes a esse tipo de violência são impressionantes. A cada sete minutos é registrado um caso de agressão; sem contar que muitos sequer são comunicados às autoridades. No Brasil, 13 mulheres são assassinadas por dia. Somos o 5º País entre as Nações onde mais mulheres são mortas.
Infelizmente, persiste, em nossa sociedade, uma cultura de violência e impunidade. E é contra essa cultura que precisamos atuar cotidianamente, em todas as frentes. Já tivemos avanços reais, como a criação da Delegacia da Mulher, em 1985, e a aprovação da Lei Maria da Penha, 21 anos depois.
Há várias razões para que esse deplorável atraso persista. Uma delas é a própria deficiência da educação, que é muito falha quanto à formação moral. Outro problema está na grande mídia, que prefere destacar casos clamorosos, em vez de fazer campanhas educativas e preventivas. As Delegacias da Mulher ainda são em número insuficiente e o horário de funcionamento é restrito – nas grandes cidades, deveriam ficar abertas 24 horas todos os finais de semana, que é quando ocorre a maioria das agressões.
No movimento sindical, o espaço para a mulher está crescendo. Sindicatos organizam Departamentos Femininos e Centrais também formam Secretarias e desenvolvem políticas específicas para a trabalhadora. Mas a condição profissional da mulher ainda deixa muito a desejar: a mulher ganha menos, mesmo que tenha maior escolaridade, e os cargos de chefia são majoritariamente masculinos. Sem falar na dupla ou tripla jornada, que desgastam a saúde das companheiras.
Na política, só nos últimos anos se buscou ampliar o espaço da mulher. Mas nem tudo é avanço. Observe que o interino Michel Temer, ao nomear seu ministério, não indiciou uma única mulher. E a própria Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres foi rebaixada, passando a funcionar como apêndice do Ministério da Justiça e Cidadania.
180 – A mulher deve se rebelar contra a agressão. O Sindicato deve orientar e ajudar as companheiras. Toda violência deve ser registrada em Boletim de Ocorrência na Delegacia da Mulher ou nas delegacias comuns, onde não existir a específica. E existe o telefone 180, que recebe denúncias. E os homens precisam entrar nessa luta. O respeito à mulher define o padrão civilizatório de um povo e o estágio de uma Nação.
José Pereira dos Santos
Presidente licenciado do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região