“O atual quadro político-econômico de incertezas já era previsto. Fora do contexto eleitoral de outubro do ano passado, a realidade e as consequências de uma economia estagnada em com sinais claros de recessão, somados aos sérios problemas que envolvem o grave quadro de corrupção na Petrobras e em outros setores governamentais, colocam para os trabalhadores e a sociedade brasileira como um todo um início de ano de inseguranças que deverão, infelizmente, alongar-se.
Não há sinais de melhora à curto prazo. A inflação permanece, a desaceleração na economia, em particular nos setores produtivos, se mantém, e o Governo resolve começar a querer colocar a casa em ordem através de redução nos benefícios dos trabalhadores, aumento de impostos e outras medidas que atingem diretamente os que possuem renda mais baixa. Até aí nada de inesperado mas será que a grande necessidade do país em melhorar sua situação econômica, principalmente no que diz respeito a cortes públicos, tem de passar necessariamente em prejudicar exatamente aqueles que geram nossa maior riqueza, os trabalhadores? Não seria mais justo, coerente e politicamente correto, o Governo cortar em sua própria carne ? Certamente que sim.
Os movimentos sociais não podem ficar calados diante de tudo isso. O movimento sindical, em particular, já vem dando passos importantes na mobilização dos trabalhadores frente às medidas governamentais que nos prejudicam. Não podemos aceitar ou nos esquecer de tudo aquilo que foi compromissado publicamente em Campanha Eleitoral apenas para garantir votos. Não será possível ficarmos escutando apenas discursos e nos contentarmos com isso.
Exigimos medidas que tragam novamente o crescimento econômico. Exigimos que o diálogo para isso não seja feito apenas entre governo e patrões. Não é possível aceitarmos calados o desemprego e o arrocho salarial que volta a se impor aos trabalhadores. Queremos e vamos participar ativamente do debate para encontrarmos alternativas ao país que garantam dias melhores a todos. Mas não vamos aceitar que a classe trabalhadora arque mais uma vez com todo o ônus da incompetência governamental ou da ganância dos patrões”.
Claudio Magrão
Presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado de S.Paulo