Em 2008, 88% das 706 negociações salariais registradas no Sistema de Acompanhamento de Salários (SAS) mantido pelo DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – conseguiram, ao menos, repor a inflação dos 12 meses anteriores à data-base. Este resultado é semelhante ao apurado em 2005 – ano em que também 88% das categorias asseguraram reajustes em patamar igual ou superior à inflação – e ligeiramente inferior ao apurado em 2006 e 2007, quando houve maiores ganhos salariais.
Apesar da queda no percentual de instrumentos que obtiveram reajuste maior ou igual ao INPC-IBGE – Índice Nacional de Preços ao Consumidor, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – 78% das unidades de negociação garantiram reajustes superiores à variação do índice normalmente utilizado como parâmetro nas negociações. Este é o terceiro melhor resultado registrado desde o início da série de estudos, há 13 anos. Doze por cento das unidades de negociação não foram capazes, em 2008, de recompor o poder de compra, mas este resultado é bastante inferior à média de 33% apurada desde o início da série, ou seja, no período entre 1996 e 2007.
A exemplo do que ocorreu em anos anteriores, é grande a concentração de reajustes em torno do INPC-IBGE. A distribuição dos reajustes mostra que além de 12% dos instrumentos terem apresentado correções iguais ao índice de inflação, uma grande parcela – 35%, ou 246 registros – mostram reajustes entre 0,01% e 1,0% acima do INPC-IBGE e uma quantia menor – 10%, ou 73 informações – tiveram seus salários corrigidos por percentuais inferiores àquele índice em 0,01% e 1,0%.
Em 87% dos acordos e convenções firmados por categorias de trabalhadores da Indústria o reajuste obtido superou a inflação dos 12 meses anteriores à data-base, enquanto no Comércio o percentual ficou em 85% e nos Serviços correspondeu a apenas 61%.
Com relação à data-base, os melhores resultados nas negociações ocorreram em agosto (89% dos reajustes acima do INPC-IBGE) e em novembro (85%) e o pior foi observado em junho, quando aproximadamente 24% dos instrumentos não conseguiram correções suficientes para repor as perdas passadas.
Quando comparados com o ICV-DIEESE – Índice de Custo de Vida, medido pelo DIEESE – aproximadamente 98% dos reajustes negociados em 2008 ficaram acima do mínimo necessário para a reposição das perdas salariais. Em 2007, o percentual desses reajustes ficou em torno de 93%. Em 2008, apenas 2% dos reajustes ficaram abaixo do ICV-DIEESE e nenhum foi equivalente ao índice.
Considerações finais
O recuo no total de categorias que, em 2008, obtiveram reajustes superiores à inflação parece estar relacionado com a aceleração inflacionária ocorrida no período, pois à medida que o índice necessário à reposição diminui, aumenta a proporção de negociações com reajustes iguais ou superiores a ele. Ainda assim, outros fatores também concorrem para ao resultado. No caso de 2008, por exemplo, devem ser levados em conta, entre outros elementos, o crescimento econômico ocorrido no ano (o PIB – Produto Interno Bruto – apesar da retração ocorrida no último trimestre, apresentou crescimento de 5,1%), a queda nas taxas de desemprego e o poder de mobilização da ação sindical. Somente considerando esses outros elementos é possível compreender porque, quando comparado ao primeiro semestre do ano, o segundo semestre de 2008, registra uma proporção maior de negociações que obteve aumentos reais, mesmo com índices de reajustes necessários em patamares superiores.
Deve-se ressaltar, também, que esses resultados ainda não manifestam possíveis impactos da crise global sobre os reajustes salariais. Tal como visto no transcorrer deste estudo, principalmente no recorte por data-base, o resultado do segundo semestre de 2008 é melhor frente aos seis primeiros meses do ano. Além disso, os ganhos das categorias que negociaram entre os meses de novembro e dezembro foram superiores à média dos ganhos do ano como um todo, sendo que a data-base novembro registra o segundo melhor resultado de 2008, inferior somente a agosto.
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