“Os ajustes fiscais promovidos pelos governos federal e do Paraná escancaram, mais uma vez, a dura realidade da história brasileira: quem paga o pato sempre é a parte menos favorecida do estrato social: os trabalhadores. De novo, os aumentos de impostos, os cortes de direitos e o arrochos salariais são despejados como uma enxurrada em cima do trabalhador. A perversidade desse sistema é que, enquanto a economia patina, com as pequenas e médias empresas brasileiras agonizando e o trabalhador vendo a sua renda ser espremida com o fantasma do desemprego lhe assoprando no cangote, os bancos continuam lucrando como nunca. Só esse ano, os quatro maiores bancos do país já aumentaram seus lucros em 40%. Fica a dúvida: como pode isso num quadro recessivo onde todo o país sofre com os efeitos da crise?
A explicação não é difícil de entender: trata-se do sistema orquestrado para sequestrar dinheiro dos cofres públicos e repassa-los a bancos e demais instituições financeiras. Tudo através do aumento das taxas de juros e outras negociatas especulativas. O resultado desse sistema é o Brasil se afundando cada vez na sua dívida pública numa bola de neve sem fim. Só em 2014, o país gastou quase metade do seu orçamento para pagar apenas os juros da sua dívida aos bancos. Dinheiro nosso que se fosse aplicado na educação, na saúde ou na infraestrutura causaria uma revolução de melhorias no Brasil. Só que, infelizmente, é desperdiçado para sanar a fome sem fim do capital especulativo através dos juros sobre juros.
Essa é a verdadeira causa do país estar no vermelho e não os direitos dos trabalhadores. Mas, em vez de atacar essa anomalia cortando a mamata dos banqueiros, o governo busca enfrentar a crise fazendo o jogo do grande capital e das multinacionais: corta direitos, arrocha salários e aumenta impostos. O que esperar de um ministro da Fazenda que não passa de um agente do capital financeiro. É dar o galinheiro para a raposa cuidar. Dessa forma, começam a ressuscitar a maldita agenda neoliberal dos anos 90, que todos nós, que vivemos aquela época, amargamos. Já não bastasse toda essa sacanagem que estão fazendo com a população agora começam a mirar suas garras para cima do patrimônio público com o papo de privatização da Petrobrás, da Copel e da Sanepar. Não resta dúvida que a crise política e econômica do Brasil interessa e muito ao capital especulativo e às multinacionais.
Por isso, além da defesa irrestrita dos empregos, salários e direitos, nossa luta vai ser para exigir uma auditoria da Dívida Pública do país. Está na hora de por às claras qual o verdadeiro ralo pelo qual tem escorrido o dinheiro dos brasileiros. Ou é isso, ou vamos sempre ter que continuar arcando com a conta para o privilégio dos banqueiros.
Sérgio Butka, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba/PR