Por João Guilherme Vargas Netto
19/10/2018
A grande disputa presidencial aproxima-se do fim. Aproxima-se do fim? Duvido muito, até mesmo porque a própria escolha que se prevê vai desencadear consequências avassaladoras e ainda pouco compreendidas.
Para o movimento sindical a disputa em curso já revelou as inúmeras dificuldades para garantir sua relevância e seu papel. O esforço unitário das direções – que teve, tem e terá seu mérito – não foi o bastante para criar, entre nós, uma onda de adesões, mobilizações e participação efetiva.
Parafraseando Aristides Lobo (que falava sobre a proclamação da República) a nossa base assistiu aos nossos esforços bestializada.
Acossada pelo desemprego, assoberbada pelos companheiros informalizados, agredida pela lei trabalhista celerada, desrespeitada pelo patronato histérico, e desorientada pela campanha frenética de seu adversário visceral não reagiu com a presteza e a urgência requerida pelo perigo iminente. Vai ficar para depois, quando vier o chanfalho.
Até mesmo a vitória parcial dos metalúrgicos da CUT de São Paulo em sua campanha salarial demonstrou, apesar dos resultados positivos, as dificuldades crescentes para a ação sindical.
Agora ainda é hora de luta, de esclarecimento, de atitude em busca de votos. As direções sindicais devem fazer o possível para orientar os trabalhadores e garantir a relação entre suas posições sintetizadas na agenda unitária de 22 pontos e a adesão deles.
Não é preciso e não é desejável que a percepção antecipada de um futuro terrível nos paralise hoje.
Em São Paulo, por exemplo, a disputa ao governo do Estado está indefinida e polarizada. A participação ativa nela pode ser um elemento de estímulo à participação na campanha presidencial.
É hora ainda de ação, mesmo que nossas previsões sejam desalentadoras. Quem se acovarda é derrotado por antecipação e sofre no atacado e no varejo.
Por João Guilherme Vargas Netto, consultor de entidades sindicais de trabalhadores