“Muitas vezes as pessoas pensam que os trabalhadores gostam de fazer greve. Não. Os metalúrgicos de Santo André e Mauá detestam greves. É sempre uma situação muito tensa, que exige mobilização na porta das fábricas, com explicações e palavras de ordem para ajudar os indecisos a aderir ao movimento grevista.
Por isso, só adotamos as greves quando se esgotam as negociações e predomina a provocação patronal.Quem gosta de greve são os patrões. São os empresários que desafiam o limite da paciência dos trabalhadores, que iniciam as provocações cozinhando o galo dos acordos salariais e ficam, o tempo todo, verificando se o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá vai ou não pipocar.
É por causa destas estratégias que há dois anos e meio, em março de 2007, nos tornamos capa da revista “Livre Mercado”, na época dirigida por Daniel Lima, quando as provocações patronais nos levaram “à beira de um ataque de nervos” e estávamos prontos para um longo período de greves. Agora, a situação se repete. Só que, desta vez, vamos fazer greve sob medida nas empresas que apoiam as provocações, que insistem em adiamento dos acordos salariais e que tentam criar o pânico na categoria. Já estamos em greve sob medida. Quanto mais a empresa provocar, mais rapidamente nos prepararemos para parar a empresa, respondendo através do nosso movimento à covardia patronal.
Todos nós sabemos que é legítimo o reajuste anual dos salários. Está na lei. Que é também legítima a reivindicação do aumento real, como uma compensação à produtividade que repassamos para a empresa todos os anos. E que é mais legítima ainda a negociação salarial, principalmente, nas datas dos dissídios coletivos.E todo mundo está cansado de saber que quando a razão predomina, os trabalhadores se mobilizam.
Nenhum trabalhador ou trabalhadora quer carregar no salário que recebe todo mês a humilhação de ter sido desprezado pela empresa em que trabalha. Vamos dar o troco, com movimentos grevistas empresa por empresa. Se os patrões pensam que o Sindicato de Santo André e Mauá vai pipocar, estão enganados. E que se cuidem para explicar para os acionistas de suas empresas os prejuízos que terão que contabilizar com as greves sob medida, empresa por empresa”.
Foto de Robson Fonseca
Cícero Martinha
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Santo André e Mauá
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