Jaélcio Santana
Miguel Torres
A opinião de Miguel Torres, publicada no Jornal da Tarde – Edição de 23 de outubro de 2008.
Recentemente promovemos junto com todas as demais centrais de trabalhadores uma caminhada pelo centro da cidade de São Paulo seguindo da Praça Ramos até a sede da Delegacia Regional do Trabalho (DRT) onde entregamos às autoridades um manifesto cobrando ações do governo em prol do trabalho decente. A intenção de nossa jornada foi despertar a atenção da sociedade sobre a necessidade urgente de uma nova globalização com os pilares sobre o trabalho decente.
A promoção do trabalho decente no Brasil foi um compromisso assinado entre o governo brasileiro e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 2003. Trabalho decente é definido como um trabalho produtivo e adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança, sem discriminação e capaz de garantir uma vida digna aos trabalhadores. Os quatro eixos deste projeto são a criação de emprego de qualidade para homens e mulheres, extensão da proteção social, promoção e fortalecimento do diálogo social e respeito aos princípios fundamentais no trabalho, expressos na Declaração dos Princípios Fundamentais no Trabalho, da OIT, feita em 1998.
Quando vamos às portas das fábricas reivindicar aumento salarial levamos uma pauta de reivindicações como a valorização do piso salarial, fim da terceirização e cumprimento da Convenção 158 da OIT, contra a demissão imotivada (rotatividade da mão de obra).
Reivindicamos nossos direitos conscientes de que também é preciso fazer a nossa parte. E que contribuição nós, trabalhadores, podemos dar neste sentido? Entendemos que a qualificação profissional é um grande desafio para o sindicalismo brasileiro hoje.
Quanto mais qualificado, mais o trabalhador é respeitado em todos os seus direitos.
Ao se qualificar, o trabalhador amplia suas conquistas, ganha mais direitos, consegue com mais facilidade tudo aquilo que tem como alvo, ou seja, a melhoria da qualidade de vida.
Pretendemos qualificar os trabalhadores e não só ele, mas estender esse benefício a seus familiares, aí entendido a mulher, os filhos e demais membros da casa.
Um trabalhador mais qualificado tem maiores possibilidades de emprego e poderá obter vaga melhor remunerada.
Em nosso sindicato estamos na iminência de inaugurar a escola profissional da mais alta tecnologia que há para os metalúrgicos. O presidente Lula já se comprometeu a estar presente na inauguração da escola que levará o nome de nosso honrado companheiro Eleno José Bezerra, com quem assumi o compromisso de levar adiante seu trabalho à frente da entidade.
Entendemos que esta caminhada não é só dos trabalhadores, mas precisamos da participação dos empresários, com quem vamos construir um país grande. Caminhando juntos possibilitaremos a abertura de mais vagas no mercado de trabalho, hoje incipiente. Junto com o empresariado podemos abrir mais oportunidades, mas para isso nós, trabalhadores, devemos estar devidamente qualificados. Diploma não vai mais ser um papel bonito apenas para colocar nas paredes, ele vai ser importante para uma vida prática.
Miguel Torres é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes