Uma referência sindical: Waldemar Rossi
“No último dia 4, retornando de Osasco para São Paulo depois de participar do lançamento do livro “O Mundo do Trabalho no Cinema”, recebi uma notícia que muito me entristeceu: o falecimento de Waldemar Rossi, companheiro metalúrgico formado na ação sindical a partir da Juventude Operária Católica (JOC).
Conheci Rossi em 1974, na sede da JOC, em Santos. Eu tinha 21 anos, trabalhava na Petrobras e participava ativamente da JOC. Rossi havia acabado de sair da cadeia da ditadura, preso pelo DOI-Codi. Rossi conseguiu tanto respeito e admiração por parte dos movimentos sociais que foi escolhido para ler o documento dos trabalhadores, em São Paulo, na visita do papa João Paulo II, em 1980.
Rossi tinha uma preocupação: passar a ideia de um futuro melhor. Isto marcou minha vida como ativista sindical: “Um sindicalismo forte e atuante começa com a organização no local de trabalho a partir do que você tem como diagnóstico para a resolução dos problemas. Avaliem cada passo entre a moderação e a radicalização”.
Ele acreditava que, praticando o princípio sindical a partir do local de trabalho, a estrutura sindical seria renovada. Lição esta, entre outras, que serviu como referenciais históricos, como a eclosão de greves a partir do local de trabalho, em 1978, no Estado de São Paulo, que fortaleceram o sindicalismo.
Tive a chance de aplicar este ensinamento, assim como outros, pelas fábricas pelas quais passei. Estas ações fortaleceram, em mim, a convicção de que a ação sindical eficiente é o que faz a diferença. Alicerce forte, organização forte!
Hoje, participando e no comando de uma das maiores Centrais Sindicais do País, lembrei-me dos ensinamentos desse bom sindicalista.
Neste difícil momento pelo qual passa nosso país, lembremos que o dia a dia, a militância e a comunicação com o povo, que almeja a democracia, são muito mais eficazes do que somente o conchavo parlamentar.
Fica uma lição: a organização de base e a luta no local de trabalho formam o princípio das grandes mudanças nas entidades e na sociedade.
João Carlos Gonçalves (Juruna), secretário-geral da Força Sindical