Diário SP
Entidades de pensionistas têm agenda cheia de reivindicações. Brigas devem ficar mais acirradas neste ano
JUCA GUIMARÃES – juca.guimaraes@diariosp.com.br
Se for levar em conta as conquistas junto ao governo no ano passado, na comemoração do Dia do Aposentado, em 24 de janeiro, a categoria não terá muitos motivos para animação. Na queda de braço com o governo, mesmo com protestos, passeatas e missas, os aposentados levaram a pior em 2011.
As lideranças, no entanto, estão dispostas a virar o jogo neste ano e preparam uma série de reivindicações para apresentar ao governo.
A lista comum às entidades de aposentados e pensionistas inclui questões sociais, financeiras e políticas. Neste último quesito estão em destaque algumas promessas feitas pela presidente Dilma durante a campanha, que ainda não foram cumpridas.
“Os aposentados apoiaram a candidatura da Dilma porque acreditamos na linha social do governo, porém, muitas coisas que eram apresentadas como prioridade para os aposentados nem saíram do papel em 2011”, disse Warley Martins, presidente da Cobap (Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas).
Uma das grandes decepções dos aposentados foi o índice de reajuste para quem ganha acima do piso do INSS. Enquanto a categoria reivindicava 11,7%, o governo aplicou 6,08%.
“Definitivamente, não houve boa vontade do outro lado. Nós vamos ter de pressionar muito mais”, disse João Batista Inocentini, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados da Força Sindical.
“Nós não vamos deixar de lado nenhuma das nossas reivindicações”, afirmou Epitácio Luiz Epaminondas, o Luizão, presidente do Sintapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da CUT).
Governo vai negociar em fevereiro
No início do próximo mês, um a equipe técnica do governo vai se reunir com as entidades de aposentados para definir a agenda de negociações de 2012. No dia 31 de janeiro, as entidades vão se reunir em São Paulo para acertar quais serão as prioridades. Do lado do governo participam da reunião representantes dos ministérios da Previdência, da Fazenda, da Casa Civil e da Secretaria-Geral da Presidência. A presidente Dilma também deve receber os aposentados em audiência ainda no primeiro semestre.
Negociação no governo Lula era mais amistosa e produtiva
Entre as entidades de aposentados é nítida a percepção de que o tom das negociações no governo Dilma é radicalmente diferente do que na era Lula.
“Não dá para dizer que era mais fácil ou mais difícil. O que percebemos é que com o Lula o diálogo era mais rápido. Havia uma proximidade natural que ajudou muito nas negociações”, disse Epitácio Luiz Epaminondas, o Luizão, presidente do sindicato de aposentados da CUT.
“As conversas com o Lula foram importantes. Ele sempre nos recebeu e deu ouvidos às reivindicações. Com a Dilma não tivemos ainda o mesmo espaço, mas acho que ela não vai nos deixar na mão”, disse Warley Martins, presidente da Cobap.
Segundo Warley, é questão de tempo para que as negociações com o governo atual resultem em bons resultados como foi com Lula na Presidência.
“A Dilma precisa entender que os aposentados estão do lado do país e as nossas reivindicações são justas. Se a situação do aposentado melhorar, o país inteiro vai ganhar. Em muitos municípios do país é o dinheiro do aposentado que faz a economia girar. O Lula sabia disso. Falta alguém falar isso para a Dilma também”, completou Martins.