Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Após 5 meses, indústria paulista volta a contratar

Com contratação maior nas usinas de cana, Estado tem saldo positivo de 7.500 vagas em março

Especialistas preveem que recuperação do nível de emprego será lenta, mas que contratações devem continuar neste trimestre

VERENA FORNETTI

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Após cinco meses, a indústria de São Paulo voltou a criar postos de trabalho. Em março, o saldo de geração de vagas cresceu 0,31% ante o mês anterior, o que significa 7.500 vagas criadas no universo de 2,4 milhões de empregos. De outubro a fevereiro, com os efeitos da crise global, a indústria do Estado perdeu 236,5 mil vagas.

A recuperação do emprego ocorreu porque as usinas de açúcar e álcool anteciparam as contratações para a colheita de cana-de-açúcar, e não porque toda a indústria voltou a contratar. Enquanto o saldo do setor de açúcar e álcool ficou positivo em 27 mil vagas, o restante da indústria paulista eliminou 20 mil postos de trabalho.

Segundo a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o recrutamento das usinas, geralmente feito em abril, foi adiantado pela necessidade de gerar caixa. Com a exigência de dispor de recursos próprios para se financiar, as usinas decidiram antecipar a colheita.

A distribuição do saldo do emprego comprova que a recuperação do emprego industrial foi puxada pelas contratações no campo -a Fiesp contabiliza empregos das usinas nas estatísticas da indústria. Na Grande São Paulo, o saldo de vagas caiu 1,05%. No interior, subiu 1,33%.

Apesar do crescimento modesto em março, outros setores reagiram ao tombo do nível de emprego registrado em dezembro, quando todos os segmentos tiveram saldo negativo de geração de vagas. No mês passado, de 22 setores, 5 tiveram saldo positivo, entre os quais móveis e artigos de couro.

Para a Fiesp, o resultado mostra que a redução drástica do nível de emprego foi superada. Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos, ressalta, porém, que o ritmo de geração de vagas ainda não indica que os empregos perdidos serão recuperados a curto prazo.

Fábio Romão, economista da LCA, avalia que, a partir de abril, o emprego industrial deve se recuperar, mas de forma lenta e gradual e em níveis inferiores aos registrados até o terceiro trimestre de 2008, quando a indústria ampliava a produção e os investimentos.

Francini argumenta que, mesmo com a recuperação, os efeitos das demissões tendem a se alastrar. “As ondas a que estamos sentindo indicam que a crise se espalha. A primeira onda, com toda a devastação que causou, passou, mas a inadimplência subiu e, quando passarem os efeitos das verbas rescisórias e do seguro-desemprego na economia, haverá perda de renda, que gera mais inadimplência e temor para o crédito.”

Romão pondera que, apesar do impacto da crise na renda, a queda da inflação e o aumento do salário mínimo (de R$ 415 para R$ 465) podem amenizar a perda do poder de compra. “Esses fatores contribuem para dar sustentação ao rendimento, o que faz imaginar que a pior fase para a indústria passou.”