Foto: André Oliveira
Antecedido por tensão, o Fórum de Emprego, Renda e Previdência começou em paz, nesta quarta-feira 2, em Brasília; diante de representantes de todas as centrais sindicais do País, principais entidades empresariais e líderes de aposentados, ministros Nelson Barbosa, Miguel Rosseto e Carlos Gabas evitaram se posicionar pela perda de direitos previdenciários, em nome do ajuste fiscal; “Se a conversa fosse essa, o diálogo não teria nem começado”, disse ao BR: o presidente da UGT, Ricardo Patah (à esq.); “Viemos prontos para contribuir para uma reestruturação da Previdência Social, e não para discutir perdas”, assinalou o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, João Inocentini; novo encontro marcado para outubro
BR: Representantes de todas as centrais sindicais do País – CUT, Força Sindical, UGT, Nova Central, CTB e CSB – participaram nesta quarta-feira 2 do Fórum de Emprego, Renda e Previdência organizado pelo governo, em Brasília. Foram destacados para o encontro os ministros Nelson Barbosa (Planejamento), Miguel Rosseto (Relações Institucionais) e Previdência Social (Carlos Gabas). As maiores entidades patronais, como a CNI (Confederação Nacional da Indústria), CNC (comércio) e CNS (serviços), também participaram. Os aposentados contaram com líderes de federações e sindicatos nacionais da categoria.
Apesar do risco de a conversa terminar logo aos primeiros minutos – em razão do noticiário que aponta para a iniciativa do governo em mexer, a maior, no fator previdenciário, e ampliar o tempo de acesso à Previdência Social -, o clima foi positivo porque esse assunto não foi debatido.
A conclusão da primeira reunião do fórum foi dividir em dois grupos de trabalho – emprego e renda, de um lado, e previdência do outro – os participantes. Não há pauta fechada.
“Viemos preparados tanto para conversar como para romper o entendimento, caso surgissem ameaças a direitos conquistados”, afirmou ao BR: o presidente da União Geral dos Traballhadores (UGT), Ricardo Patah. “Mas, ao menos nesse primeiro momento, o governo mostrou sensibilidade para abrir uma conversa séria”, completou.
A primeira conclusão foi a de criar dois grupos de discussão, um sobre emprego e renda e outro exclusivamente para debater a Previdência Social.
“Temos propostas para a reestruturação da seguridade social no País, mas elas nem seriam apresentadas se o governo viesse com essa conversa de aumentar o tempo de acesso para a aposentadoria”, assinalou o presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, João Inocentini. “Como houve um mínimo de bom senso, vamos seguir para ver onde se pode chegar”, sublinhou ele.
ESPÉCIE DE CONSELHÃO?
Ao BR:, o presidente da Confederação Nacional dos Serviços, empresário Luigi Nese, afirmou que o novo ambiente formal de debate pode ser produtivo. A depender, especialmente, do tempo de duração e da postura do governo.
“Não pode ser muito longo, e o governo terá de saber assimilar as propostas apresentadas, não deixar que caiam o vazio”, pontuou Nese. “Em lugar de ficarmos em grupinhos, aqui ao menos há uma chance de debate mais objetivo”, prosseguiu.
Com efeito, a gestão da presidente Dilma Rousseff terminou com o Conselho de Desenvolvimento Econômico, o chamado Conselhão, que se reunia regularmente no governo Lula, juntando empresários e trabalhadores no mesmo salão. Nenhum outro espaço formal de troca de ideias entre todos os setores da vida nacional foi colocado no lugar.
O fórum tem um próximo encontro marcado para o mês de outubro. “Poderia ter sido melhor, com o início do debate sobre os temas propostos imediatamente, mas pelo menos o governo não apareceu defendendo retrocessos”, afirmou o presidente da Federação Nacional dos Empregados em Edifícios e vice-presidente da Força Sindical, Paulo Ferrari.
O que se tem, a partir de agora, é esse fórum.
A CNS apresentou propostas pela desoneração da folha previdenciária do setor, a favor do saque de 50% do FGTS a cada aniversário do empregado – “uma forma de incentivar a permanência no emprego”, justificou Nese – e pelo incremento do setor de turismo.
Agora, os participantes do fórum irão escolher representantes para participar dos grupos de emprego e renda e de previdência. A intenção é formatar propostas que indiquem soluções para problemas estruturais nas relações entre empregados, empregadores e governo. Uma meta ambiciosa, que, para ser alcançada, vai demandar, de fato, uma busca intensa pelo consenso.