SÃO PAULO – A italiana Fiat quer comprar a General Motors (GM) no Brasil e na Argentina dentro de seu plano para se tornar a segunda maior montadora do mundo. No entanto, de acordo com fontes do jornal La Repubblica, a transação só aconteceria se a Fiat também assumisse o controle da Opel, divisão da GM na Europa.
Analistas que acompanham o mercado automotivo no Brasil, consultados pelo DCI, dão como certa a negociação entre as duas montadoras e classificam como uma excelente oportunidade para o crescimento da companhia italiana, não só no Brasil. Aqui, a montadora, durante o mês de abril, figurou em segundo lugar nas vendas de automóveis – atrás da Volkswagen – e em primeira com os comerciais leves.
Vitor Meizikas, analista da Molicar, consultoria do setor automobilístico, afirma que, se confirmado o interesse da Fiat, o mercado automotivo começará a se redesenhar de forma mais intensa. “Esse é um momento de inovação por parte das montadoras para não se perder mercado”, disse. Após lembrar que a subsidiária da GM no Brasil é saudável e lucrativa – e por isso ser um bom negócio para a italiana -, Meizikas afirma que, com a aquisição, a Fiat, hoje especializada em veículos compactos e em comerciais leves, se firmará no mercado de automóveis de luxo. “Desse ponto de vista, dá para entender o interesse da Fiat. Ela quer a participação em outro nicho de mercado”, afirmou o analista da Molicar. “Essa é uma forma da empresa lapidar sua linha de produtos.”
Procurada, a Fiat informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a matriz confirmou que realizou a proposta para a GM Europa e que as operações do Brasil e Argentina não foram citadas. Já a assessoria de imprensa da GM afirmou que a matriz não comenta o assunto.
Sergio Marchionne, principal executivo da montadora italiana, disse ontem que além da Opel, a Fiat estaria interessada em adquirir a Saab – afiliada sueca da GM que pediu concordata em 20 de fevereiro. “A Saab é uma oportunidade interessante. A marca, no entanto, é pequena demais para o mercado automobilístico de massa”, disse Marchionne. “Poderíamos associar a Saab com outra marca.
Nos Estados Unidos, há uma rede de concessionárias Saab. Seria uma pena abrir mão disso”, acrescentou. Depois de assumir uma fatia na Chrysler na semana passada, a Fiat disse que estuda a possibilidade de separar-se de sua unidade automotiva para fundi-la com a montadora norte-americana e as operações europeias da GM, que incluem a Opel, e criar uma gigante automotiva de 80 bilhões de euros em receita anual.
Ontem, o governo alemão reiterou que o plano da Fiat de comprar a Opel não inclui o fechamento de dez fábricas na Europa nem a eliminação de 18 mil empregos. O Frankfurter Allgemeine Zeitung havia informado que a maior parte dos cortes de empregos previstos vai ocorrer na Itália e na Inglaterra.
Marchionne se reúne hoje com executivos da Chrysler para definir os detalhes da fusão, em termos de convergência industrial. Ele disse estar confiante que a Chrysler sairá do regime de concordata antes da meta de 60 dias fixada no pedido de concordata.
Ontem, a Justiça dos EUA aprovou o procedimento acelerado proposto pelo governo norte-americano para auxiliar a Chrysler, fixando para 27 de maio a decisão definitiva sobre a associação com a Fiat, que deve permitir a sobrevivência da empresa.
Ford
A norte-americana Ford, que até então não precisou da ajuda federal para manter suas operações, anunciou ontem que irá investir US$ 550 milhões na conversão de sua planta de caminhões em Michigan em uma fábrica capaz de produzir uma nova geração de veículos menores e econômicos. A planta deve entrar em funcionamento a partir de 2011 e produzirá a linha Focus além dos carros elétricos.
“Com o plano da Ford, todos os nossos veículos serão baseados em uma plataforma global”, disse Alan Mullaly, chefe executivo da montadora. “Dessa forma, conseguiremos ganhar escala. Nossos fornecedores estão alinhados e nossa qualidade e eficiência aumentarão”, acrescentou.
Nissan
A japonesa Nissan Motor está tentando obter um empréstimo de US$ 1 bilhão do governo japonês para enfrentar a crise econômica. A Nissan, que sofre com a queda global do mercado automobilístico devido à crise, já recebeu US$ 500 milhões do governo, em empréstimos a juros baixos, dentro do programa de Tóquio para socorrer as empresas em dificuldades no país.
Carolina GamaFernanda Guimarães