É lamentável que membros do governo Lula ainda se envolvam em falsas polêmicas, como a que opõe crescimento econômico e política fiscal de gastos menores e juros altos.
É perda de tempo, factóide e falácia dividir o governo entre os que apóiam os ministros Tarso Genro, Guido Mantega e Dilma Rousseff, favoráveis ao crescimento, e os que apóiam o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, favorável à atual política econômica restritiva.
Se o presidente Lula der força ao quase-ministro Henrique Meirelles e seus diretores do Banco Central, economistas ortodoxos, estará delegando a eles o governo do Brasil, restando a ele, presidente, tão só tentar fazer a política social. Com que recursos?
Até os presidentes dos maiores bancos privados brasileiros riem publicamente do governo quando ouvem que não é possível reduzir os juros básicos da economia para o País crescer. O Brasil pode crescer com taxas até superiores a 5% ao ano, se a taxa Selic for reduzida progressivamente até a metade do que é hoje, sem provocar inflação, que está, sim, sob controle.
Os investidores e rentistas não aplicarão seu dinheiro em outras fontes ou países, porque não há lugar nenhum do mundo onde possam aplicar melhor o seu dinheiro. Os gastos públicos podem e devem ser reduzidos, sem comprometer as políticas sociais. Isso significa fazer mais com menos. As parcerias público-privadas devem ser estimuladas, com regulamentação segura.
Assim, parece-nos óbvio que, se quiser realmente fazer o Brasil crescer, o presidente terá que trocar, sim, a presidência e a diretoria do Banco Central por economistas menos ortodoxos e responsáveis, que cumpram as metas de inflação, mas levem em consideração também, como em outros países, metas de crescimento econômico e emprego.