“Michel Temer mal se segura. Com altíssima rejeição popular, conforme o último Datafolha, e envolvido em grave corrupção, seu governo mais se arrasta do que caminha.
Piora muito sua condição a denúncia do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, que o acusa, formalmente, de corrupção. Por outro lado, o presidente poderá também sofrer nova denúncia por obstruir a Justiça e outros crimes.
Trata-se da primeira vez na história brasileira em que um presidente é denunciado quando no governo. Agrava a situação de Temer o fato de ter vários homens de confiança presos, afastados ou em delação premiada. Novas prisões no primeiro escalão não estão descartadas.
É nesse ambiente podre que o governo tenta, de todas as formas, apressar as reformas trabalhista e previdenciária, que cortam direitos de trabalhadores da ativa e massacram aposentados. Sem diálogo com o sindicalismo e descaradamente a mando do grande capital, Temer quer impor o maior retrocesso social da nossa história recente.
No momento em que escrevo este texto, ocorrem audiências na Comissão de Constituição e Justiça, no Senado. Participam sindicalistas, técnicos, empresários, Ministério Público e governistas. O presidente do Senado Eunício Oliveira (PMDB), cinicamente, avisa: independentemente da votação na CCJ na quarta (28), vai jogar tudo pra aprovar requerimento de urgência, a fim de que a reforma trabalhista avance e consolide o massacre.
O movimento sindical se encontra em peso em Brasília, onde tenta votos na CCJ contra o rolo-compressor governista. Antes da votação, haverá o ‘Ocupa Senado’, com forte corpo-a-corpo junto aos 27 membros da Comissão. Não queremos nada no grito, porque o sindicalismo dispensa esse método. Queremos, sim, diálogo, expor nossas razões, mostrando que a radicalização neoliberal enfiará o Brasil numa crise ainda mais dramática, com desemprego e exclusão social.
Se perguntarmos a um empresário do setor produtivo, que toca seu negócio cotidianamente, gera empregos, renda e paga impostos, o que ele quer, certamente teremos algumas repostas: menos impostos, juros mais baixos, receber do Estado mão de obra mais qualificada e poder trabalhar um ambiente em que a infraestrutura não atrapalhe os negócios.
Observe que nenhuma das respostas embute reformas que cortem direitos. Quem tenta impor isso é a classe dominante, especialmente o capital multinacional e os bancos. Por isso, eu digo: Michel Temer não está apenas contra os trabalhadores. Está contra o Brasil. Por isso, mais de 90% do povo brasileiro diz que ele não pode continuar no governo.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região
e secretário nacional de Formação Sindical da Força Sindical
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