“Uma das maneiras de melhor entender a grande escolha que o povo brasileiro vai fazer no dia 26 –muito além das aparências, das propagandas e dos ataques pessoais- é esclarecer as diferenças entre as duas alternativas políticas colocadas perante os eleitores.
Mesmo que a tese da “divisão do país” esteja errada, é certo que, pelas regras do segundo turno ou se vota em Dilma ou se vota em Aécio (descontados os nulos, brancos e abstenções), o que parece acaciano. Certo mesmo é que ambos são mineiros de Belo Horizonte e que a diferença de votos entre os dois não será grande.
Portanto, divisão há, porque há diferenças entre as propostas e, sobretudo, porque haverá diferenças no encaminhamento futuro dos assuntos do governo.
Em alguns temas a escolha se dá como uma verdadeira bifurcação. Um exemplo forte é a política externa do Brasil, embora este tema estratégico tenha tido pouco destaque nas campanhas.
Os representantes das finanças internacionais e do império norte-americano (principalmente os nativos) não escondem sua preferência por Aécio, enquanto os progressistas do continente latino-americano preocupam-se pelo desempenho da presidente.
Em outros temas, embora não haja verdadeira bifurcação, há gradações significativas que determinam, menos a qualidade do processo e mais o ritmo de seu encaminhamento. É o caso, por exemplo, da política econômica, da política partidária e eleitoral e da política sindical e trabalhista.
Os dirigentes sindicais que valorizam a unidade de ação preparam-se, desde já, e frente a qualquer resultado, a intensificar a luta pela pauta trabalhista, apesar dos deslocamentos previsíveis nas posições de comando.
Quanto à política social de distribuição de renda é muito difícil que, em um primeiro momento, qualquer oposição se atreva a alterá-la; isso só ocorrerá se e quando a corelação de forças sociais se alterar.
O povo brasileiro vai escolher dia 26, nas condições dadas, o seu futuro por alguns anos”.
João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical