É preciso prestar atenção à frase de José Roberto Toledo em seu artigo no Estadão: “Há cada vez mais desinibidas declarações de que o aumento do salário mínimo é o problema e não a solução, de que há crédito demais para os pobres, de que bom mesmo era quando se podia ir a Paris ou Nova Iorque sem correr o risco de ouvir português na rua”.
Com razão, os rentistas que têm sofrido derrotas, se reagrupam, e amplificados pela grande imprensa procuram desqualificar o quadro econômico e social (que se apresenta difícil com crescimento lento do PIB e incertezas macroeconômicas) para garantir seus interesses e reverter o grande eixo estratégico de ação capaz de enfrentar a crise externa e dar rumo ao crescimento: o ganho salarial, a distribuição de renda e a criação de empregos formais, com investimento.
O bloco desenvolvimentista e produtivista confronta-se com o bloco rentista e excludente; deste embate resultará, ou não, a capacidade expansionista do mercado interno, aumento ou não de emprego, ganhos ou perdas salarias, diminuição ou aumento da desigualdade social.
Os interesses rentistas são poderosos e variados, basta ver, por exemplo, a gritaria dos setores prejudicados pela intenção do governo de diminuir as tarifas de energia na renovação das concessões das companhias energéticas, pondo um freio na farra especulativa que imperava no setor depois das privatizações em prejuízo dos consumidores, da indústria e da própria geração de energia.
O movimento sindical que é parte integrante do bloco produtivista e representa nele os interesses dos trabalhadores, que são compatíveis com o desenvolvimento, deve assimilar a denúncia do jornalista e, unido, desmanchar as argumentações retrógradas, resistir às tentações divisionistas e fazer o carro andar para frente, apesar das vacilações e lerdezas de alguns aliados.
João Guilherme Vargas Neto, consultor sindical