Que depois dessa campanha, os “caititus” continuem dentro da manada para desembocaram numa criativa jornada de filiação ao sindicato para fortalecer a entidade, pois vem aí uma Reforma Sindical que vai demandar representatividade dos sindicatos para poderem existir de direito e de fato.
Marcos Verlaine*
O Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão, município do estado de Goiás, cidade que fica a 260 Km da capital Goiânia, encerrou com êxito a campanha salarial. Além das garantias econômicas, garantiu estabilidade dos trabalhadores até março de 2020. A campanha deste ano teve o componente da brutal desaceleração econômica iniciada no governo do então presidente Michel Temer (MDB), em 2016, e aprofundada sobremodo pelo atual ocupante do Planalto, Jair Bolsonaro (PSL).
O quadro, a partir da promulgação da reforma da Previdência, aprovada conclusivamente no último dia 22 de outubro no Senado Federal, ficará mais severo para os trabalhadores, pois se juntará ao congelamento de gastos e à Reforma Trabalhista, que solaparam direitos e conquistas históricas, que impactaram ainda mais a Previdência Social.
As consequências desse quadro caótico são os baixíssimos desenvolvimento e crescimento econômicos, o desemprego altíssimo que não dá sinais que será refreado, a retração salarial, com reduções drásticas no poder de compra das famílias.
Foi nesse quadro econômico e social que os metalúrgicos foram à luta em nível nacional para manter o emprego e a renda da categoria. Mas uma campanha em particular chamou à atenção. É a dos metalúrgicos de Catalão, que ganhou componente especial em razão da criatividade e combatividade da direção sindical, sob a presidência de Carlos Albino.
Albino soube usar as redes sociais para ampliar o alcance da campanha, que extrapolou o munícipio e certamente empolgou a categoria nos demais estados e regiões do País.
Ora o presidente do sindicato aparecia nas redes sociais numa fala simulando que estava dentro de uma “TV digital em 3D” e depois a TV “normal”, o que foi algo muito criativo para animar a categoria. É preciso num cenário desse de retração e desanimo generalizado, animar a tropa para ir à luta e não deixar a “peteca cair”. Nesse sentido, a direção sindical está de parabéns, pois conseguiram fechar com êxito o objetivo da campanha.
O caititu na manada
O mais interessante nessa luta difícil foi a palavra de ordem que uniu a categoria e a chamou para a campanha unida, forte e animada — “caititu fora da manada é papa de onça”.
Mais uma demonstração de criatividade do presidente da entidade Carlos Albino, que ajudou na compreensão de que só seria possível vencer a batalha salarial, nesse quadro de desalento, se a luta fosse sob forte coesão da categoria.
O caititu, também conhecido como cateto, é um mamífero, parente dos queixadas e dos javalis. Seu nome científico é Tayassu tajacu.
Assim, a campanha em Catalão teve 3 componentes interessantes:
1) o uso criativo das redes sociais;
2) a campanha que extrapolou o município; e
3) a criatividade, que animou e coesionou os trabalhadores e trabalhadoras.
Certamente, deve haver outras campanhas tão ou mais criativas que a de Catalão, mas sem o uso das redes sociais, a luta fica restrita apenas à categoria.
A palavra de ordem “caititu fora da manada é papa de onça” coesionou porque foi de fácil compreensão geral, dentro e fora da categoria. Expressou, em síntese, que individualmente, por melhor que seja esse ou aquele, essa ou aquela, não se vai longe, pois a luta exige de todos, a necessidade de união inquebrantável para vencer a batalha.
Para além da campanha salarial
A luta por melhores salários e condições de trabalho foi exitosa.
Que depois dessa campanha, os “caititus” continuem dentro da manada para desembocaram numa criativa jornada de filiação ao sindicato para fortalecer a entidade, pois vem aí uma Reforma Sindical que vai demandar representatividade dos sindicatos para poderem existir de direito e de fato.
Parabéns à direção do Sindicato pela importante vitória!
(*) Jornalista, analista político e assessor parlamentar do Diap