Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Demanda ao nível pré-crise só em 2011, diz Usiminas

Raquel Massote

O presidente da Usiminas, Marco Antônio Castello Branco, disse ontem que a demanda por produtos siderúrgicos só voltará aos níveis de 2008, antes da crise financeira internacional, ao longo de 2011. Em entrevista coletiva, o executivo afirmou que esse é um dos motivos pelo qual a companhia decidiu adiar a decisão de instalação de uma nova unidade no município de Santana do Paraíso (MG). Ele também descartou a possibilidade de religar um dos altos-fornos da usina de Ipatinga (MG), que foi paralisado no final do ano passado, por causa da retração da demanda.

Segundo Castello Branco, a capacidade instalada para a produção de aço no Brasil é da ordem de 43 milhões de toneladas, sendo que a demanda por aço neste ano deve ocupar apenas 20,8 milhões de toneladas deste total. “Seria uma incoerência entrar em um projeto de ampliação da capacidade no cenário atual”, explicou. Antes do agravamento da crise, a Usiminas vinha produzindo a um ritmo de 2 milhões de toneladas de produtos por trimestre.

O executivo afirmou, no entanto, que a siderúrgica pretende investir R$ 2,3 bilhões este ano, sendo que R$ 1 bilhão apenas no último trimestre. Entre os projetos previstos está a instalação da tecnologia de Resfriamento Acelerado de Chapas Grossas (CLC), que vai possibilitar a produção de aços de alta resistência, direcionados à indústria de petróleo e gás.

Outros investimentos planejados pela companhia incluem uma linha de laminados a quente na usina de Cubatão (SP), além da expansão da laminação de chapas grossas, da instalação da nova coqueria e da nova linha de galvanização, em Ipatinga (MG).

A companhia também informou ontem que conseguiu reduzir seu volume de estoque de matérias-primas e insumos, que chegaram a alcançar R$ 5 bilhões no quarto trimestre de 2008. Segundo o vice-presidente de finanças e relações com Investidores da Usiminas, Ronald Seckelmann, a empresa conseguiu diminuir, ao final do terceiro trimestre deste ano, 20% desse valor, ou R$ 1,4 bilhão, superando a meta estabelecida pela companhia.

IMPOSTO

O presidente da Usiminas também defendeu ontem a aplicação de imposto sobre a exportação de minério de ferro, que vem sendo analisada pelo governo federal. Segundo Castello Branco, a medida poderá ser mais interessante para o País do que revisar as alíquotas dos royalties cobrados sobre a exploração do produto. “Seria mais benéfico porque o aumento dos royalties iria penalizar toda a cadeia produtiva interna.” A Usiminas deverá produzir 5,5 milhões de toneladas de minério em 2009.

Para ele,a taxação do minério poderia assegurar uma receita de impostos maior para o governo. Castello Branco contestou ainda o argumento de que a aplicação do Imposto de Exportação poderia trazer perda de competitividade para o produto brasileiro. “Este é o argumento mais fraco, porque o minério de ferro brasileiro tem uma posição no mercado internacional e é insubstituível, em função de sua qualidade.”