Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Emprego no Rio cresce em meio à crise: 26 mil vagas desde outubro


Serviços e investimentos explicam desempenho. No período, país fechou postos Fabiana Ribeiro

 

No auge da crise financeira, a Região Metropolitana do Rio acumulou um saldo positivo de empregos formais: 26.638 contratações foram feitas de outubro de 2008 a maio deste ano.

 

 

No Brasil, contudo, o desempenho foi bem pior, com o fechamento de 454.355 postos formais de trabalho. Os dados são de um levantamento feito pelo Instituto de Estudo do Trabalho e Sociedade (Iets), conforme noticiou ontem a coluna Ancelmo Góis do GLOBO.

 

– A crise, em contraste com o resto do país e com o mundo, não trouxe aumento do desemprego para a região. E isso é resultado de novos investimentos, projetos sociais e maiores diálogo e cooperação entre as diferentes esferas do governo, empresários e a sociedade civil. É um momento mágico – disse André Urani, economista do Iets.

 

Formalidade via crescimento menor da população Investimentos da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) e do Complexo Petroquímico do Rio (Comperj), além de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), contribuíram para tornar positivos os números do emprego no Rio em tempos de crise, explicou Mauro Osório da Silva, professor da UFRJ.

 

Mas há outros motivos: – O Rio ficou mais protegido da crise devido a seu sistema produtivo fortemente apoiado no setor de serviços.

 

Como a crise atingiu com mais força as indústrias, o Rio saiu beneficiado – acrescentou o professor, para quem o freio no crescimento populacional fez com que muitos trabalhadores saíssem da informalidade para a formalidade.

 

Luciana de Sá, diretora de Desenvolvimento Econômico da Firjan, lembra ainda que a Petrobras, a despeito da crise, não cancelou seus investimentos.

 

O que, para ela, gera um efeito multiplicador de serviços e empregos na região. Um dado importante já que a economia do Rio é bastante dependente da indústria de petróleo.

 

Na região, continua, há setores como vestuário, calçados, indústria química e perfumaria, que apresentaram aumento de produção. E acrescenta: – O Rio concentra também a chamada indústria criativa, que reúne de cinema a restaurantes.

 

Concentração de órgãos públicos protege empregos A economista comenta que as demissões tendem a ser menores no Rio devido à concentração dos empregos públicos – herança dos tempos em que a cidade era a capital do país: – Essa condição ajuda a garantir o consumo na região.

 

Na avaliação de Marcelo Neri, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), a proteção dos empregos não aponta para uma dinamização da economia do Rio.

 

– O Rio se beneficiou menos no período de expansão da economia.

 

E, agora, até por ser uma economia de serviços, sofre menos – afirmou Neri, acrescentando que a cidade do Rio apresenta um dinamismo inferior às capitais da região Sudeste, mesmo no período mais recente. – A participação do Rio no PIB brasileiro caiu de 6,2 % em 2002 para 5,4% em 2006, enquanto a do município de São Paulo caiu de 12,7% para 11,9% do PIB.

 

Neri ressaltou ainda que o Rio é um dos líderes em número de aposentados. E isso também ajuda a manter os empregos da região, ao garantir renda circulando pelo comércio e estimulando a produção industrial.

 

Para Silva, da UFRJ, o agravamento da crise, ainda que pouco esperado por analistas, pode fazer com que os números do Rio piorem.

 

– Os efeitos começam na indústria, mas podem chegar ao setor de serviços. Mas as perspectivas são de retomada.