Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Em SP, Ciro ironiza resistência do PT a candidatura

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem

Ciro Gomes (PSB-CE), Mercadante (PT-SP) e Paulinho (PDT-SP) durante evento de metalúrgicos feito pela Força Sindical em SP

PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Em seu primeiro evento em São Paulo desde que seu nome surgiu como possibilidade para o governo do Estado, o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) ironizou ontem a resistência de parte do PT à sua eventual candidatura e utilizou suas raízes nordestinas para se conectar com a plateia.

Quando a reação negativa de uma ala de petistas entrou na conversa, Ciro disse que “faz muito bem, faz muito bem”. Por quê? “Porque senão não seria o PT”, afirmou, sorrindo.
Em uma hora, Ciro falou para quatro plateias diferentes de sindicalistas, em visita ontem de manhã ao 11º Congresso dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, ao lado dos deputados Márcio França, presidente do PSB de São Paulo, e Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força.

Mais tarde, chegou o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que defendeu candidatura única em São Paulo da base de apoio ao presidente Lula, mas evitou declarar apoio a Ciro.
Em todas as falas, o pessebista usou expressões que remontam à origem nordestina (apesar de nascido em Pindamonhangaba, SP, fez carreira no Ceará). Falou dos “inimigos vestidos de jerimum” (abóbora, cor parecida com o amarelo dos tucanos) e perguntava sempre: “Quem aqui é nordestino?”
Ao falar com humoristas do programa “CQC”, brincou que pegou o “pau de arara no caminho inverso”.

Em entrevista, por duas vezes minimizou o fato de ter feito carreira política longe do Estado. “Quantos brasileiros fazem a grandeza de São Paulo vindo de outros lugares e tal?”, perguntou, citando a origem italiana da família do governador José Serra (PSDB).
Nem só de referências nordestinas foi articulado o discurso de Ciro. Ao responder sobre a política de alianças em Brasília, citou o intelectual comunista italiano Antonio Gramsci (1891-1937):

“Numa luta, toda aliança é normal, porém, é preciso explicar qual a hegemonia moral e intelectual da aliança. O que o Gramsci está querendo dizer é: você pode se juntar até com satanás para fazer a obra de Deus. Porém, se você está se juntando com o demônio para fazer a obra do demônio, não venha dizer que é anjo”, disse.

Na chegada, Ciro caiu em uma pegadinha do “CQC”. Não soube dizer quantos são os usuários do metrô tampouco qual o preço da passagem. Depois, disse que não parou para estudar isso e que sua melhor atribuição é “visão estratégica”.