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Governo quer juros a 9%. Copom deve reduzir Selic para um dígito

Redução da taxa Selic em 0,75 ponto percentual deve ser anunciada esta semana. Ministério da Fazenda quer corte maior. Fazenda quer redução de um ponto percentual, mas pode ficar em 0,75. Confirmada a expectativa do Governo, a taxa básica irá cair para um dígito – de 10,25% para 9,50%

 

Travando mais uma guerra de bastidores com o Banco Central, o Ministério da Fazenda espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduza a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual nesta quarta-feira (10).

 

Se dependesse da vontade da equipe do ministro Guido Mantega (Fazenda), o corte seria maior, de um ponto. Na avaliação de assessores de Mantega, há espaço para essa queda maior da chamada Selic diante da redução no ritmo da economia e da valorização do real.

 

Nas últimas semanas, BC e Fazenda têm trocado farpas por conta da desvalorização do dólar.

 

Preocupada com os efeitos negativos do dólar barato sobre as exportações, a equipe de Mantega avalia que o BC precisa agir para diminuir o diferencial entre as taxas de juros aqui e no exterior, contribuindo para reduzir a entrada de capital estrangeiro.

 

Mas o presidente do BC, Henrique Meirelles, tem insistido no discurso de que a política monetária não pode ser cambiante. Seu objetivo, segundo ele, é conter a inflação e não definir a taxa de câmbio.

 

A Fazenda avalia que as pressões sobre o BC terão pelo menos um efeito parcial. Para um assessor de Mantega, não fosse isso, o Copom optaria por uma redução de 0,50 ponto percentual na taxa Selic.

 

A equipe de Meirelles tem dado sinais de que a economia dá sinais de recuperação que podem recomendar maior prudência na política monetária.

 

Um dos fatores dessa discussão é o comportamento dos preços das commodities. O aumento dos preços seria sinal de que os alimentos podem voltar a subir. O argumento contrário é que a valorização do real anula qualquer pressão inflacionária, já que barateia as importações.

 

Além disso, cortes feitos pelo BC desde o ano passado começarão a fazer efeito ao longo do segundo semestre.

 

Por esse raciocínio, seria preciso avaliar com cuidado como será a retomada da economia até final do ano. Se o crescimento for forte, cortes nos juros agora poderão gerar pressão na inflação de 2010.

 

Assim, seria prudente reduzir menos os juros agora que ter que fazer uma elevação mais forte em ano eleitoral.

 

Juros reais

 

Confirmada a expectativa do Governo, a taxa básica irá cair para um dígito – de 10,25% para 9,50%. Com isso, os juros reais (descontando a inflação) se situarão na casa dos 5%.

 

Com essa medida, o Brasil fica fora do topo da lista dos campeões de taxas de juros no mundo.

 

A Fazenda avalia que um corte mais ousado do BC seria uma contribuição fundamental, já que na véspera o IBGE divulgará o resultado do PIB no primeiro trimestre do ano, confirmando tecnicamente recessão no País.

(Fonte: Jornal de Brasília) 08 de junho de 2009
Agência Diap