Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Medida não afeta estaleiros e montadoras fazem alerta


Francisco Góes, do Rio

  

A indústria naval, que compra aço no exterior para a construção de navios, não vê aumento de custos como resultado da decisão do governo de aumentar as alíquotas de importação de produtos siderúrgicos, entre os quais as chapas grossas de aço ao carbono. Segundo o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), o aumento das alíquotas não prejudica a indústria naval que conta com um regime especial para importar sem imposto. IBS e Usiminas, de um lado, e a Transpetro, de outro, se enfrentaram este ano em uma polêmica sobre o preço e as importações de aço para os navios que a estatal está construindo.

 

Ontem, o presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), Ariovaldo Rocha, reconheceu que o setor não será atingido pelo aumento do imposto. A chapa grossa de aço ao carbono, agora taxada com imposto de 12%, é específica para uso em máquinas rodoviárias. Mas há casos em que essa chapa pode ser usada na indústria naval. Rocha disse que, mesmo se fosse considerado o pagamento do imposto, a chapa de aço importada chegaria ao Brasil por um preço inferior ao praticado no mercado doméstico.

 

Já o setor automotivo faz outra avaliação. Fonte das montadoras disse que é provável que eventuais reduções de preço do aço que a indústria previa, analogamente ao que vem sendo feito no exterior, não aconteçam como resultado do aumento do imposto de importação. A fonte disse que, ao invés de se reestabelecer o imposto de importação, deveriam ter sido adotadas medidas que tornem a siderurgia brasileira mais competitiva.

 

A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) elogiou a decisão. “O aumento das alíquotas é uma medida acertada que começa a colocar em pé de igualdade as empresas (siderúrgicas) nacionais com indústrias estrangeiras”, disse Melvyn Fox, presidente da Abramat. Ele disse ter notícias da importação de vergalhões da China. O vergalhão está entre os produtos que tiveram a alíquota aumentada. Dados do IBS mostram que, apesar da crise, a participação das importações vem crescendo no mercado brasileiro de aço.

 

Marco Polo Lopes, vice-presidente executivo do IBS, disse que a decisão de aumentar as alíquotas representa uma “volta à normalidade”. É também, segundo ele, um sinal para o mundo de que o governo está atento à situação dos mercados. “O mercado internacional vive momento de carnificina com aumento do protecionismo e de desvios de comércio”, disse Lopes. Segundo ele, um dos diferenciais do Brasil na crise é o mercado interno que não pode estar sujeito a importações predatórias. “Proteção é uma coisa, protecionismo é outra”, disse. (Colaborou Guilherme Manechini, de São Paulo).