Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Ipea vê forte desaceleração no mercado de trabalho

Agência Brasil, do Rio

  

O mercado de trabalho brasileiro apresenta sinais de “forte desaceleração do ritmo de crescimento”. Embora o número médio de ocupados no primeiro trimestre de 2009 tenha sido 1,4% maior do que o do mesmo período em 2008, nos últimos meses o indicador apresentou trajetória descendente, e, em março, ficou abaixo de 1%, o que só havia ocorrido uma vez desde 2004. A constatação faz parte do Boletim de Mercado de Trabalho, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

 

O documento indica, no entanto, que, de janeiro a março de 2009 essa inversão de tendência não atingiu o rendimento médio do trabalhador nem elevou a informalidade, na comparação com os dados do mesmo período do ano passado. De acordo com o técnico da Coordenação de Trabalho e Renda do Ipea, Roberto Gonzalez, apesar de o mercado ter sido atingido pela crise internacional, as empresas têm reagido à redução das perspectivas de crescimento reajustando o nível de emprego e não substituindo vínculos formais por trabalho informal.

 

Os dados analisados no estudo apontam que o grau de informalidade sofreu redução de 1,3 ponto percentual entre o primeiro trimestre de 2009 e igual período de 2008. O movimento, de acordo com o boletim, foi puxado pela expansão de 3,8% dos postos formais e pela contração de 1,9% no número de trabalhadores informais (empregados sem carteira assinada, não remunerados e por conta própria). Também ao longo do primeiro trimestre deste ano não houve sinal de piora.

 

“Apesar da redução do crescimento do emprego, não está havendo troca do trabalho formal pelo informal, o que é um bom sinal, já que o trabalhador mantém o patamar de direitos. O problema é que o Brasil vinha num processo de crescimento de formalização e que está sendo interrompido, mas pelo menos não estamos voltando a uma era de informalidade, o que seria mais difícil de se reverter e demandaria mais longo prazo”, afirmou.

 

O técnico do Ipea destacou como fator favorável o fato de os rendimentos não terem caído no período. No primeiro trimestre deste ano, segundo o levantamento, houve elevação de 5,2% no rendimento médio do trabalhador na comparação com o do mesmo período do ano passado. Ao longo do trimestre, constatou-se um “movimento muito tênue de declínio”. Gonzalez chamou a atenção, no entanto, para a possibilidade de a demanda por mão de obra estar perdendo o dinamismo registrado nos anos anteriores.