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PIB: 1º tri foi fundo do poço, recuperação começou, dizem analistas



Depois de registrar dois trimestres consecutivos de queda no Produto Interno Bruto (PIB), a economia brasileira pode registrar crescimento no segundo trimestre deste ano e, assim, escapar da recessão, segundo analistas ouvidos pelo Valor.

 

Embora a volta do crescimento não seja consenso, quatro consultorias esperam uma recuperação do PIB entre 0,5% e 2% no período de abril a junho em relação ao primeiro trimestre deste ano, na série com ajuste sazonal.

 

O resultado negativo da indústria de janeiro a março – queda de 7,9% sobre o quatro trimestre de 2008, também descontando os fatores sazonais – não surpreendeu os técnicos e reforçou a expectativa de que o começo do ano seria o de pior desempenho da economia brasileira desde o início da crise. A última “recessão técnica” do Brasil ocorreu nos dois primeiros trimestres de 2003.

 

Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse, diz que após uma queda projetada em 2% do PIB de janeiro a março deste ano – ainda não foram divulgados dados oficiais – sobre os três últimos meses de 2008, os próximos trimestres terão resultados positivos entre 0,5% e 1% sobre o período imediatamente anterior.

 

Mesmo assim, a recuperação não deve sustentar um crescimento econômico no ano e a projeção da equipe de economistas do banco é de queda de 2% do PIB. “Só uma recuperação muito forte no segundo semestre garantiria um crescimento no ano”, diz. Teixeira acredita que apenas o último trimestre deve apresentar crescimento em relação a 2008.

 

Segundo Thaís Marzola Zara, economista-sócia da Rosenberg & Associados, pode-se prever um resultado positivo no segundo trimestre sobre o primeiro, mas não é possível cravar números. O resultado da indústria nos primeiros meses do ano veio um pouco abaixo do esperado pela economista. A diferença, porém, não alterou a previsão de alta de 0,3% no PIB do ano.

 

Segundo projeção da consultoria, deve haver uma queda de 1,8% do PIB do primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2008 e um recuo de 1,2% sobre o quarto trimestre de 2008, o que, junto com a queda de 3,6% do PIB no último trimestre de 2008, configuraria a recessão técnica.

 

“Ainda não fechamos previsão para o segundo trimestre, mas possivelmente o PIB será próximo de zero em relação a 2008, com um desempenho positivo na margem”, diz ela. A recuperação mais forte, para garantir a alta de 0,3% do PIB no ano, viria no último trimestre.

 

Fábio Silveira, sócio da RC Consultores, explica que as variáveis para a projeção da economia ainda dependem muito do cenário externo, mas caso o mercado se mantenha na situação atual, com aumento do crédito e sem novas falências no setor financeiro, é possível falar em aumento do PIB de 0,3% no ano mesmo após a queda no primeiro trimestre, estimada pelo economista em 0,6%.

 

O segundo semestre, explica, deve ter forte recuperação, como resposta ao processo de expansão do crédito local e externo. “O primeiro trimestre teve uma queda bastante acentuada, mas em marcha de recuperação”, diz. Segundo ele, extrativa mineral e construção civil salvarão a indústria.

 

O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, também acredita que a recessão técnica ficará circunscrita ao quarto trimestre de 2008 e o primeiro trimestre deste ano, para o qual projeta queda no PIB de 1,3% em relação aos três meses anteriores e de 2,4% sobre o primeiro trimestre de 2008.

 

“O dado da indústria consolida a recessão de fato e abre espaço para avaliar o segundo trimestre que, na margem, deve apontar recuperação”. Vale não tem uma projeção fechada, mas observa que, mesmo que o PIB repita uma queda de 2,4% no segundo trimestre na comparação com o mesmo intervalo de 2008, esse resultado traria um crescimento na margem de 1%.

 

“O primeiro trimestre tende a ser o fundo do poço do PIB. O segundo trimestre melhora, mas essa melhora tem de ser relativizada”. A recuperação efetiva da economia, segundo ele, só virar no fim do ano.

 

Para 2009, Vale prevê expansão de 0,5% do PIB, crescimento sustentado pela demanda doméstica que será estimulada pela expansão de 2,5% na massa real de rendimentos (em 2008 o incremento foi maior, de 7,5%).

 

O crescimento projetado pela Tendências Consultoria para o segundo trimestre do ano é de 2,1% no PIB em relação ao primeiro trimestre. A economista Marcela Prada considera que o crescimento, ainda que em menor escala, da massa salarial e as reduções tributárias concedidas a automóveis, materiais de construção e eletrodomésticos permitirão que o comércio mantenha desaceleração lenta.

 

O varejo, segundo ela, encerra o segundo trimestre com queda de 0,3% na margem. A demanda em desaceleração, somada à normalização dos estoques, permitirá que a indústria tenha recuperação no segundo trimestre – Marcela prevê expansão de 8,3% da produção sobre o primeiro trimestre. (Fonte: Valor Econômico)