Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Empresas veem redução de salários como alternativa melhor às demissões


Marcelo Rehder

Entre as medidas previstas em lei para reduzir os efeitos da crise sobre o emprego, 37% das empresas da indústria preferem a redução de jornada com redução dos salários. É o que mostra pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) com 586 empresas. Desse total, 52% dizem que a medida evitaria parcialmente demissões de, em média, 23% do quadro de pessoal. Para 27%, evitaria totalmente e para 22% ela não impediria dispensas.

As negociações entre empresas e sindicatos de trabalhadores já resultaram em 32 acordos desse tipo que foram registrados na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em São Paulo, entre outubro de 2008 e fevereiro deste ano. Desse total, 22 acordos foram negociados pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e aprovados pelos cerca de 16,3 mil trabalhadores envolvidos. O presidente do sindicato, Miguel Torres, diz que esses acordos evitaram mais de 5 mil demissões.

O operador de máquinas Edinilton Araujo dos Santos, de 36 anos, faz parte do grupo de metalúrgicos que aceitou abrir mão de parte do salário em troca da estabilidade do emprego. Santos é um dos 680 empregados da fabricante de autopeças Rayton que tiveram redução de 20% nas atividades e passaram a receber entre 7,73% e 18% a menos pelos serviços. O acordo tem validade por 90 dias e termina em abril, porém os empregos estão garantidos por mais 90 dias.

“Redução de salário não é bom para ninguém, mas é melhor do que ficar desempregado”, diz o metalúrgico.

Para alívio dos trabalhadores, o corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis reanimou o mercado e deu fôlego extra para as empresas do setor. A fabricante de autopeças Thyssen Krupp, por exemplo, suspendeu o acordo para redução de jornada e salário que já tinha sido aprovado pelos 350 empregados da fábrica de São Paulo.

“Houve uma melhora nos pedidos de nossos clientes e achamos melhor usar banco de horas e férias nas linhas com menos serviços”, explica a gerente de Recursos Humanos da empresa, Christine Vidal.Segundo ela, a empresa havia proposto a medida para evitar entre 80 e 100 demissões.

A vida não está nada fácil para quem é demitido nesta época de crise. Principalmente no caso dos funcionários da Bekum do Brasil. Em fevereiro, a fabricante de máquinas demitiu 60 dos 84 funcionários. Os trabalhadores paralisaram as atividades e acamparam na fábrica. A empresa entrou com pedido de recuperação judicial e não pagou as verbas rescisórias.

Na semana passada, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determinou a suspensão das demissões e concedeu licença remunerada aos trabalhadores pelo prazo de 60 dias.