Samantha Maia e Arnaldo Galvão, de São Paulo e Brasília
Estudo divulgado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mostra que o impacto da crise financeira sobre o emprego no Brasil foi diferenciado nos setores. No total, houve uma queda de 2,3% no emprego formal de dezembro de 2008 a fevereiro deste ano – perda de 750 mil vagas. Há casos, no entanto, em que a queda chegou a 8,6%, como na agropecuária, e outros em que já é possível ver recuperação, como serviços médicos e odontológicos, com alta de 0,8%.
A indústria de transformação sofreu queda de 5% nos empregos. Dentre os subgrupos da indústria, materiais de transportes teve o maior percentual de demissões, com redução de 7,6% dos empregos, seguido de calçados (7,4%), materiais elétricos e de comunicações (7,3%), alimentação e bebidas (6,7%) e metalúrgica e mecânica (5,4%). “Estes três meses [dezembro, janeiro e fevereiro] são, tradicionalmente, meses de ajustes sazonais no nível de emprego. Geralmente, temos mais demissões que contratações. Mas, este ano, a crise agravou a situação”, disse o coordenador de relações sindicais do Dieese, José Silvestre.
Alguns segmentos, apesar da queda no período, recuperaram o estoque de empregos que possuíam em dezembro, o que indica uma estagnação no quadro, entre eles, calçados, borracha, fumo e couros, construção civil e comércio. Dentre os grupos com queda em dezembro e janeiro, alguns recuperaram em fevereiro o nível de novembro, entre eles, serviço industrial de utilidade pública, serviços de alojamento, alimentação, reposição e manutenção, e serviços médicos e odontológicos.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, divulga hoje quais são os setores e regiões beneficiados com a ampliação de duas parcelas do seguro desemprego, medida já aprovada pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat). Pela proposta, os trabalhadores que perderam seus empregos e trabalhavam nos segmentos e áreas mais atingidas pela crise econômica, poderão receber até sete pagamentos mensais.
O cálculo do governo será diferente do do Dieese. O Ministério do Trabalho comparou, no Caged, as demissões dos últimos três meses (dezembro, janeiro e fevereiro) com o mesmo período iniciado em dezembro de 2007. Após descontar fatores sazonais, definiu quem tem direito e quais as regiões beneficiadas. (Com Agência Brasil)