Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Lula e Cristina, hoje na Fiesp


Empresários são orientados a não dar declarações hostis

Mariana Barbosa e Marina Guimarães

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, chega hoje a São Paulo para um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). Apesar das divergências no comércio bilateral, os governos dos dois países estão tomando todos os cuidados para fazer deste um encontro cordial e amistoso. Por isso, apesar de impor licenças não automáticas para a importação de diversos produtos brasileiros, Cristina será condecorada com a Ordem do Mérito Industrial de São Paulo pela Fiesp. Os empresários foram orientados a não dar declarações hostis.

A pedidos dos argentinos, preocupados em não ofuscar a visita presidencial, a reunião para tratar dos desequilíbrios no comércio bilateral, prevista para ocorrer em paralelo à visita, foi adiada para o dia 25.

A orientação de Cristina à sua comitiva é de “pensar grande” e coordenar com o Brasil uma proposta comum a ser defendida na cúpula do G-20, no dia 2 de abril. “Podemos ter problemas entre nós, mas estamos juntos para defender nossos países do protecionismo dos países desenvolvidos”, disse uma fonte oficial ao Estado.

Indagada se a Argentina não temia que o Brasil defendesse posição diferente no G-20, como ocorreu nas negociações da Rodada Doha, a fonte disse que dessa vez é “diferente”. “A queda da demanda internacional, o protecionismo de países desenvolvidos e a situação que estamos vivendo mostraram ao Brasil que a abertura do mercado, como defendia o governo, sem uma contraparte dos países desenvolvidos para nossos produtos, não era tão conveniente assim para nós”, disse a fonte. “O Brasil também sente fortemente as consequências da crise e agora pode entender melhor a postura da Argentina.”

Cristina chega ao Brasil com mais de 400 empresários, que participarão de um seminário sobre oportunidades de negócios nos dois países. Lula e Cristina encerram o seminário e concedem uma breve coletiva. A Casa Rosada se opôs inicialmente à entrevista, mas concordou sob a condição de limitar as perguntas dos jornalistas.