Consulta da CNI mostra que 41% das empresas concluíram ajustes
Renata Veríssimo, BRASÍLIA
Consulta realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), no início de março, com 431 companhias, mostra que 80% das empresas adotaram alguma ação em relação a seus trabalhadores em função da crise global. Em 54% delas houve demissão de funcionários ou a suspensão de serviços terceirizados. Além disso, 53% suspenderam as contratações planejadas, 32% concederam férias coletivas, 27% adotaram banco de horas e 9% reduziram a jornada de trabalho e salários.
Para 41% das empresas, os ajustes já estão completos. Mas as demais responderam que devem adotar novas medidas num futuro próximo. Desse grupo, 36% pretendem demitir ou suspender serviços terceirizados.
Outros 24% disseram que pretendem reduzir jornada de trabalho ou de salários, e 22% afirmaram que devem suspender as contratações planejadas. Apenas 13% preveem a abertura de vagas. A soma dos porcentuais, supera 100% porque as empresas puderam assinalar mais de uma opção.
Na avaliação do presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, no entanto, o ajuste mais intenso no mercado de trabalho já ocorreu. “As empresas estão agora trabalhando de forma mais ajustada ao novo nível de demanda. Por isso, não é previsível um processo de ajuste mais forte na questão do emprego”, afirmou. O economista chefe da CNI, Flávio Castelo Branco, destacou que o porcentual das empresas que ainda estão dispostas a demitir é bem menor do que as que demitiram no ano passado.
No que se refere às medidas do governo para reaquecer a economia, a avaliação de 57% dos empresários é que elas estão funcionando de forma moderada, mas para 39% elas não estão fazendo efeito nenhum.
Para o setor é preciso – nessa ordem – maior redução de tributos, dos juros e do spread bancário (diferença entre o custo de captação dos recursos pelo banco e o cobrado do cliente) e maior oferta de capital de giro. Ao comentar os dados, Armando Monteiro Neto, disse que muitas das medidas do governo na área de crédito são difíceis de serem percebidas pelos empresários até pela dificuldade de operacionalização.
Conforme antecipou o Estado na edição de ontem, os empresários acreditam que os efeitos da crise estão mais fortes este ano do que em dezembro de 2008. Essa percepção da indústria é contrária à avaliação do governo de que o pior da crise já passou. Para 79% dos entrevistados, os impactos da crise sobre a economia aumentaram enquanto que 55% avaliam que impactos sobre sua empresa estão maiores.
“Há uma indicação de que vamos continuar a desaceleração econômica. O primeiro trimestre de 2009 certamente será negativo em relação ao primeiro trimestre de 2008”, disse.