Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Centrais sindicais dizem que BC perdeu chance

As entidades sindicais foram ainda mais contundentes nas críticas contra o corte de 1,5 ponto percentual para a Selic. O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, chamou de “insensíveis tecnocratas” os dirigentes do Banco Central e classificou de “nefasto” o anúncio feito ontem pelo Copom.

– Os insensíveis tecnocratas do Banco Central perderam uma ótima oportunidade de afrouxar um pouco a corda que está estrangulando o setor produtivo, que gera emprego e renda. Infelizmente, mais uma vez, o governo se curva diante dos especuladores – afirmou ele.

Para a Força Sindical, uma redução mais rápida dos juros poderia ajudar a estimular a atividade do mercado interno – uma alternativa à queda de demanda no resto do mundo para as exportações brasileiras.

– A queda do PIB de 3,6% no último trimestre de 2008 é resultado da hesitação dos membros do Copom em baixar os juros de forma mais agressiva – disse o presidente da central sindical, que ontem montou um acampamento em frente à sede do BC, em Brasília.

Para o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, a redução da Selic foi irrisória.

– É irrisória, não estimula a economia nacional e frustra a expectativa dos trabalhadores, que estão sendo demitidos ou tendo de abrir mão de parte dos salários para manter seus empregos – disse o presidente do sindicato, Miguel Torres.

As críticas não foram menores entre representantes do comércio.

– Outros bancos centrais já reduziram suas taxas para algo próximo de zero. Nós ainda estamos em dois dígitos. O Banco Central mais uma vez mostrou que está no caminho certo, mas errando na dose – disse o presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), Abram Szajman.

Para Abdib, corte maior não pressionaria inflação Segundo ele, a crise já chegou no varejo paulista. Dados apurados pela entidade em janeiro mostram queda real de 3,8% no faturamento, em comparação com o mesmo período de 2008. Em nota, a Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan) disse aprovar o corte de juros, mas cobrou outras medidas, como maior controle dos gastos públicos e aprovação de projeto de reforma tributária.

O presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, também afirmou que havia espaço para um corte maior dos juros.

O temor de que isso pudesse afetar o comportamento da inflação, segundo ele, não era verdadeiro.

– A inflação, atualmente, está controlada e não apresenta risco. O desafio principal agora é promover a atividade econômica e a manutenção dos empregos, e a taxa de juros será fundamental nesse processo – afirmou o empresário.

(Aguinaldo Novo)