Ao se analisar uma situação política complicada para orientar a ação consequente é preciso não se dependurar nas pontas finas dos galhos, mas abraçar o tronco da árvore.
Desde o início do processo de impedimento de Dilma a artificialidade é o que vem caracterizando o encaminhamento da crise. Esta artificialidade atinge hoje seu paroxismo com um estouro da boiada e com os analistas descrevendo as mil e uma alternativas que se apresentam. São os galhos finos.
O tronco verdadeiro é o do empenho em derrotar as deformas, que são a motivação última e definitiva do governo Temer, de seus acólitos e apoiadores. Derrotadas as deformas é irrelevante especular sobre quem, individualmente, será também derrotado.
O movimento sindical unido faz muito bem em perseverar nesta orientação troncuda e a marcha para Brasília, no dia 24, encarna isso e lhe dá força.
Uma das alternativas “galho fino” é a entronização do ministro da Fazenda como o novo gestor (está na moda!) da travessia neoliberal. Mas ele, Henrique Meirelles, já manifestou sua exigência de um mandato prolongado e não o parco ano e meio que o calendário constitucional lhe destinaria.
Fica, portanto, demonstrado que para manter o rumo “deformista” o rentismo quer mais do que já alcançou, quer melar as eleições de 2018. Fiat negotio pereat mundus (Faça negócio e que o mundo se exploda!); o mercado pretende controlar até mesmo a desorganização evidente e o golpe.
Para o movimento sindical unido, pelo contrário, é preciso reafirmar sua coesão pelas exigências democráticas da cidadania e enfrentar, de forma persistente, a recessão, o desemprego e a baixa dos salários, garantindo-se o “nenhum direito a menos” e derrotando as deformas.
No tronco da árvore no qual se ampara o movimento sindical unido estão gravadas duas palavras que resumem nossas intenções: Constituição e desenvolvimento.
João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical