Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Centrais pressionam governo para vincular IPI a emprego

CUT já mandou carta a Lula pedindo que isenção do imposto tenha contrapartida social

Força Sindical diz que vai negociar com o governo até o fim do mês e que, sem resultado, proporá partir para mobilização de rua

PAULO DE ARAUJO

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As centrais sindicais já começaram a pressionar o governo para que a prorrogação do IPI reduzido ao setor automotivo seja condicionada à garantia de manutenção de empregos por parte das montadoras.

Conforme a Folha antecipou na edição de ontem, o governo decidiu estender a isenção fiscal até o fim de junho. Inicialmente, o corte do IPI estava previsto para terminar no dia 31 de março.

A CUT (Central Única dos Trabalhadores) encaminhou ontem carta ao presidente Lula e aos ministros Guido Mantega (Fazenda), Carlos Lupi (Trabalho), Miguel Jorge (Desenvolvimento) e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) solicitando que a manutenção de empregos conste dos termos da medida, que deve ser confirmada somente no fim deste mês.

“Não queremos que o mesmo erro seja cometido pela segunda vez”, disse o presidente da CUT, Artur Henrique. Para ele, o governo acertou ao conceder a isenção do IPI, já que a medida propiciou o reaquecimento do setor automotivo. Mas falhou ao não ter exigido uma contrapartida social das empresas.

Artur Henrique se queixa do fato de o governo não consultar o movimento sindical antes de definir ações para combater a crise. Ele diz ter tomado conhecimento da prorrogação do corte do IPI pelo jornal. “O governo montou uma comissão de gestão da crise só com gente do empresariado. Os trabalhadores simplesmente não participam”, afirma.

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, disse que vai procurar negociar com o governo até o fim do mês. Ele diz ter conversado ontem com Lupi e Dulci a respeito do assunto.

“Vamos tentar até o final. Se percebermos que não vão adotar [a cláusula de garantia de manutenção de emprego], vamos para a rua”, afirmou.

Segundo Artur Henrique, da CUT, a entidade não prevê uma mobilização específica direcionada ao governo, que conta com vários ex-integrantes da central. Ele diz, porém, que a CUT vai intensificar as ações de paralisação nas fábricas se houver ameaça de demissão.

Em fevereiro, as vendas de carros já superaram o nível do mesmo mês de 2008. Foram vendidos 191.343 automóveis e comerciais leves, volume 0,15% superior ao de um ano antes.

Porém, ainda há cortes de vagas. Na fábrica da GM de São Caetano do Sul (SP), por exemplo, 210 funcionários perderam o emprego desde a semana passada, segundo o sindicato local. Eles fazem parte de um grupo de 1.633 trabalhadores temporários cujos contratos não foram renovados.

Montadoras

O diretor de Assuntos Corporativos da Ford, Rogelio Golfarb, afirma que aguarda um posicionamento oficial do governo em relação ao IPI. Procurada, a Anfavea (associação das montadoras) não quis comentar o assunto.