Empresa pede mais US$ 17 bi ao governo dos EUA
DE NOVA YORK
A General Motors anunciou ontem nos EUA um prejuízo de US$ 9,6 bilhões no último trimestre de 2008. Com isso, as perdas da combalida companhia somaram US$ 30,9 bilhões em 2008 -valor equivalente a quase um sexto das reservas internacionais do Brasil.
Há meses a GM vem sobrevivendo graças (e somente) à ajuda estatal. A empresa já recebeu US$ 13,4 bilhões em linhas emergenciais do governo e solicitou mais US$ 16,6 bilhões. Ontem, o presidente da companhia, Rick Wagoner, voltou a se encontrar com autoridades em Washington para avaliar a situação da empresa.
O governo espera ter um plano de salvamento para a GM e a sua concorrente Chrysler até o dia 31 de março. São estudadas também outras medidas para amparar toda a cadeia produtiva do setor, abalada pela situação das duas empresas.
Além do prejuízo de quase US$ 31 bilhões, a GM anunciou que suas reservas em dinheiro encolheram US$ 19,2 bilhões durante 2008. Hoje, as reservas totais da empresa somam US$ 14 bilhões, incluindo US$ 4 bilhões em dinheiro emprestado pelo governo dos EUA.
Com as vendas de carros em queda livre nos EUA e no mundo desde outubro, só nos últimos quatro meses de 2008 a GM “queimou” cerca de US$ 2 bilhões por mês de suas reservas. No quarto trimestre, a produção da empresa caiu 53% em relação a igual período de 2007.
No ano passado, a GM registrou receita total de US$ 149 bilhões, 17% menos do que em 2007. As vendas globais recuaram 11%, acabando com um reinado de 77 anos da empresa como a maior fabricante de automóveis do mundo. O posto pertence agora à japonesa Toyota.
Em teleconferência ontem, Ray Young, chefe do departamento financeiro da GM, afirmou que a situação da empresa é “dramática”. “Ainda estamos prevendo uma “queima” de cerca de US$ 14 bilhões de nossas reservas em 2009. Por isso, vamos precisar de mais ajuda.”
As perdas de 2008 vêm na sequência do prejuízo recorde de US$ 43 bilhões em 2007. Algumas projeções dão conta de que a GM necessita de um mínimo de US$ 30 bilhões em ajuda estatal para poder completar uma reestruturação que possa torná-la minimamente viável.
Com a ajuda a empresas e a bancos e mais gastos com saúde, o Orçamento dos Estados Unidos para o ano fiscal de 2009 prevê déficit de US$ 1,75 trilhão, o maior desde a Segunda Guerra.
Young antecipou na entrevista que a GM já espera ser alertada por seus auditores independentes ao longo de março de que corre rapidamente o risco de se tornar insolvente.
A empresa vem relutando, há meses, entrar com um eventual pedido de concordata, o que a protegeria dos credores até uma reestruturação. Sua diretoria alega que a reestruturação nesses termos poderia ter um custo de até US$ 100 bilhões.
(FERNANDO CANZIAN)