Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Empresas dão férias coletivas a 7 mil


Companhias dos setores sucroalcooleiro, eletroeletrônico e siderúrgico paralisam produção e anunciam cortes

Natália Gómez, Sandra Hahn, José Maria Tomazela e Gustavo Porto 

Às vésperas da divulgação dos dados do Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados (Caged) de janeiro, empresas dos setores sucroalcooleiro, eletroeletrônico e siderúrgico anunciaram ontem demissões, licenças remuneradas e férias coletivas para os funcionários. A Naoum dará licença a 4 mil empregados, ou 80% do total do quadro, nas três usinas de açúcar e álcool do grupo. A medida, segundo a direção da empresa, foi tomada para reduzir os custos operacionais, como transporte e alimentação dos trabalhadores, e foi tomada no meio do processo de recuperação judicial da companhia.

Em Sorocaba (SP), a ZF do Brasil deu férias coletivas, desde ontem, a 1,6 mil trabalhadores, ou 70% dos empregados. A justificativa é a queda na demanda por causa da crise que atingiu o setor automobilístico. Os pedidos caíram 40%. Outros 236 funcionários foram demitidos no início do mês. Já a Flextronics, também em Sorocaba, anunciou na terça-feira a suspensão por cinco meses do contrato de 1 mil trabalhadores. Eles receberão bolsa-auxílio do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) de R$ 870. A empresa vai complementar o restante do salário. Outros 4 mil funcionários vão entrar no sistema de compensação de horas. O acordo foi assinado com o Sindicato dos Metalúrgicos da cidade.

Em Porto Alegre, a Zamprogna, do setor metalúrgico, comprada recentemente pela Usiminas, anunciou ontem que vai demitir a partir da próxima quarta-feira 241 pessoas na unidade de Porto Alegre. Além disso, vai negociar com os sindicatos de metalúrgicos mais cortes em Guarulhos (SP) e em Campo Limpo Paulista (SP). Segundo a direção da companhia, os desligamentos foram feitos em razão da “forte retração do crédito e do consumo no mercado internacional”.

PROPOSTAS

Ontem a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) confirmou que apresentou ao Sindicato dos Metalúrgicos de Volta Redonda (RJ) uma proposta para garantir a manutenção do seu atual quadro de trabalhadores por seis meses. Nos seis meses seguintes, caso a crise persista, a empresa propõe a suspensão temporária dos contratos de trabalho, com uso de recursos do FAT para complementar os salários, ou a concessão de uma licença remunerada.

Em contrapartida, a siderúrgica pede o retorno do turno de revezamento ininterrupto de oito horas, a adoção do banco de horas extras de 60 dias e a flexibilização de alguns itens do acordo coletivo. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, as demissões na CSN podem chegar a 2,3 mil, caso a proposta não seja aceita. Desde dezembro, 1,3 mil pessoas já foram cortadas da companhia.

Em São José dos Campos (SP), o Sindicato dos Metalúrgicos encaminhou ontem à direção da Embraer um pedido de reunião em caráter de urgência para discutir as demissões na empresa. Segundo a entidade, no ano passado foram fechados 700 postos de trabalho. E agora há rumores de que viria uma demissão em massa.

Amanhã, um grupo de ex-funcionários, sindicalistas, citricultores e políticos de Bebedouro (SP) fará uma manifestação de protesto contra as demissões de 208 empregados na Citrosuco (SP), ocorridas no dia 7. O ato está previsto para as 9 horas, em frente ao portão da companhia produtora de suco de laranja na cidade do interior paulista.

Paralelamente, foi criado o “Comitê em Defesa do Emprego e pela Permanência da Citrosuco em Bebedouro”, para centralizar as ações pela manutenção da produção de suco, suspensa pela Citrosuco na safra 2009/2010, o que justificou as demissões. O comitê vai divulgar um manifesto com críticas à empresa. A Citrosuco foi procurada, mas ainda não se manifestou

NÚMEROS

1,6 mil foi o número de trabalhadores da ZF do Brasil colocados em férias coletivas em Sorocaba. O número corresponde a 70% dos empregados

1 mil é o número de contratos de trabalho suspensos pela Flextronics, também em Sorocaba. A suspensão vale por cinco meses, segundo a empresa