Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Cai número de acordos de redução de jornada no setor metalúrgico

Cibelle Bouças, de São Paulo

As indústrias do setor metalúrgico parecem ter dado uma pequena trégua nas negociações de medidas que têm por objetivo reduzir os gastos com folha de pagamento. Nos últimos dias, afirma o presidente da Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da CUT/SP, Valmir Marques da Silva, as empresas têm preferido optar por férias coletivas, banco de horas e licença remunerada à suspensão temporária dos contratos e à redução da jornada com redução de salário – medidas que acabam por reduzir a renda mensal dos trabalhadores.

“Em janeiro, houve uma pequena melhora no cenário da crise e empresas que estavam negociando o lay-off [suspensão dos contratos] desistiram, principalmente as montadoras, que em fevereiro tiveram uma retomada nas vendas de automóveis”, afirma o sindicalista. A federação, porém, não tem um balanço fechado das negociações realizadas no Estado até o momento.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, também considerou “surpreendente” o resultado das vendas de automóveis em janeiro. De acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), no mês, o licenciamento de veículos leves aumentou 3,2% sobre dezembro, para 189.712 unidades. Em comparação a janeiro de 2008, no entanto, houve queda de 7,6%. “No ABC, a maioria das empresas tem adotado banco de horas, férias coletivas e outras medidas que preservam a renda dos trabalhadores”, diz Nobre. Para ele, a projeção dada pela Anfavea de produção de 2,8 milhões de veículos neste ano, após 3,2 milhões é um cenário menos pessimista do que se esperava no início de janeiro. “Mas é preciso aguardar o desempenho primeiro trimestre para avaliar os rumos do emprego”, pondera.

A avaliação dos sindicalistas coincidiu com a decisão da Ford. A montadora anunciou ontem a suspensão das férias coletivas que daria a 350 funcionários da fábrica de transmissões de Taubaté (SP) por dez dias, começando em 25 de fevereiro. Segundo a assessoria da montadora, a decisão foi tomada em função da recuperação da demanda e do número de pedidos novos. Em janeiro, conforme dados da Anfavea, o licenciamento de veículos da Ford teve queda de 1,9% sobre dezembro, mas cresceu 32,2% em relação a janeiro do ano passado, para 17.361 veículos. A montadora informou que as férias coletivas já anunciadas para a unidade de caminhões de São Bernardo do Campo serão mantidas. As férias irão de 19 de fevereiro a 16 de março e envolverão 800 metalúrgicos. A Ford emprega no Brasil em torno de 10 mil pessoas.

De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região, a empresa sinalizou inicialmente o interesse em colocar os 800 funcionários da unidade em férias, mas voltou atrás na semana passada, informando a melhora na demanda. O complexo industrial da montadora em Taubaté emprega 1.550 pessoas.

Apenas neste mês, Kepler Weber, Marcopolo, Pirelli, Mercedes-Benz, NGK do Brasil e General Motors, além de empresas menores do setor de autopeças de Santa Catarina, anunciaram férias coletivas para 22,2 mil metalúrgicos. O número, no entanto, ainda é bastante inferior aos acordos fechados para redução de jornada e salário, que já envolvem 49,2 mil metalúrgicos.