Bianca Ribeiro* e Sérgio Bueno, de São Paulo e Porto Alegre
O plano de paradas técnicas da Perdigão para ajuste de produção em 20% fará a empresa deixar em casa cerca de 9 mil funcionários. Nesta semana, a empresa dá férias coletivas de 30 dias a 5,1 mil empregados das plantas de Carambeí (PR) e Capinzal (SC), que se somam aos funcionários já em férias coletivas de unidades do Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.
No dia 16, entram em férias coletivas 1,5 mil empregados do setor de abate de frangos da unidade Carambeí. Segundo a empresa, as áreas de suínos e perus da unidade operam normalmente. Em Santa Catarina, a unidade de Capinzal fará ajuste em seus três turnos de produção, sendo que em cada um dos turnos, 1,2 mil funcionários terão férias coletivas, totalizando 3,6 mil empregados. A empresa ressalva que a atividade não será completamente interrompida, pois as paradas de turno serão alternadas.
Na sexta-feira, a empresa também anunciou a concessão de férias coletivas de 30 dias para 1.520 funcionários de sua unidade em Dourados (MS), que operam em abate e processamento de aves. No começo da semana, a Perdigão já havia informado que colocaria em férias 2.370 funcionários da unidade de Cavalhada (490 trabalhadores parados de 9 de fevereiro a 11 de março) e Lajeado (1.880 empregados, de 23 de março a 22 de abril). Assim, no total, 8.990 funcionários da empresa terão passado pelo processo de férias coletivas em quatro estados do país.
No Rio Grande do Sul, após uma reunião com a Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul e com o sindicato dos trabalhadores de Horizontina no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) em Porto Alegre, na quinta-feira, a John Deere decidiu suspender as 502 demissões da fábrica de colheitadeiras anunciada em janeiro. Segundo o TRT, os avisos prévios serão convertidos em licença remunerada e as partes terão um novo encontro dia 11 para buscar soluções para a crise. Em outubro a empresa já havia anunciado a dispensa de cerca de 300 empregados na planta de Horizontina. Nos dois casos a alegação foi a queda das vendas.
Em São Paulo, os funcionários da Schaffler Brasil (Rolamentos Fag), que emprega 1 mil metalúrgicos, decidiram manter a greve iniciada na sexta-feira, em protesto contra demissões. A empresa demitiu 60 pessoas na quinta-feira e ameaçava demitir outros 300, mas decidiu discutir o corte com o Sindicato dos Metalúrgicos nesta segunda-feira. Segundo o sindicato, até agora, foram fechados 16 acordos de redução de jornada de trabalho e de salários e dois acordos de suspensão dos contratos de trabalho, envolvendo 12,7 mil trabalhadores. Com esses acordos, que oferecem garantia de estabilidade no emprego de 45 a 180 dias, as empresas deixaram de demitir imediatamente 4 mil metalúrgicos, informou o sindicato. O número de empresas que negociam ações semelhantes em São Paulo e Mogi das Cruzes chega a 120.
Também houve paralisações de protesto contra demissões em Guarulhos, na porta da siderúrgica Rio Negro, e na Mahle, em Mogi Guaçu. Em Diadema, 400 trabalhadores na Max Precision e Special Quality entraram em greve contra 49 demissões e para cobrar o pagamento da segunda parcela do 13º salário do ano passado.
No ABC, informou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, o número de homologações em janeiro chegou a 540, inferior ao registrado em dezembro (753), mas 38% acima do total de demissões efetuadas em janeiro do ano passado (392). Conforme o sindicato, a média mensal de homologações é de 450. A base dos Metalúrgicos do ABC tem hoje 103 mil trabalhadores. (* do Valor Online. Colaborou Cibelle Bouças, de São Paulo)