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Indústria e sindicatos aprovam corte, embora tardio

Diante dos sinais de desaceleração da economia brasileira, representantes da indústria, do comércio, do mercado financeiro e dos trabalhadores aprovaram a decisão do Copom de reduzir a taxa de juros e pediram mais cortes e outras providências do governo para amortecer os efeitos da crise econômica internacional no país.

“O Banco Central fez o que já deveria ter feito”, disse Orlando Diniz, presidente da Fecomércio-RJ (Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro). “Essa queda é importante, ainda mais no começo do ano, período em que os empresários do setor decidem sobre novos investimentos e contratação ou efetivação de temporários. Esperamos que essa decisão inaugure uma trajetória declinante para os juros.”

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) chamou a resolução de “sensata e pragmática”. “A redução vai ao encontro da necessidade e urgência de reduzir o custo do dinheiro, que se encontra em patamar extremamente elevado. Todavia, a queda da Selic não é suficiente. São necessárias medidas que levem à diminuição do “spread” bancário de modo a promover redução mais expressiva da taxa de juros para os tomadores de crédito”, comentou a entidade em nota.

Para Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o Copom tem que ser mais rápido ao diminuir os juros. “Não podemos esperar 45 dias para uma nova queda. O ideal é chegarmos, o quanto antes, a 8% ou 9%. Só assim poderemos ser mais competitivos na economia globalizada.” Skaf defende, ainda, aumento dos investimentos em infraestrutura e redução da carga tributária.

Walter Machado de Barros, presidente do Conselho de Administração do Ibef (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças), ressaltou que o BC atendeu às expectativas do mercado. “O corte de um ponto na Selic será importante para diminuir a remuneração das operações de tesouraria dos bancos, contribuindo para o crescimento do volume de crédito no mercado.”

Usando a mesma metáfora diversas vezes empregada pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para explicar a estratégia de política monetária da instituição, a Força Sindical afirmou que “o governo acertou no remédio, mas errou na dose”.

“A queda anunciada é tímida e insuficiente para impulsionar a economia”, afirmou Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da entidade.

Desde o final do ano passado, os sindicatos vinham pedindo uma redução de pelo menos dois pontos percentuais. “Considerando o necessário, queda de um ponto é pouco. Porém, em face do conservadorismo do BC e das pressões do mercado financeiro, que apostava em uma queda menor, acreditamos que a pressão do movimento sindical contribuiu para o índice anunciado hoje”, destacou Artur Henrique, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores).