Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Protesto contra demissões para GM

Mais de 3 mil trabalhadores apoiam a recontratação dos 804 desligados

Paula Pacheco, SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Os trabalhadores da General Motors (GM) paralisaram a produção da unidade de São José dos Campos (SP) por mais de duas horas, ontem, em protesto conta o desligamento de 802 trabalhadores temporários – 58 na sexta-feira e 744 na segunda-feira. Em quatro dias, a subsidiária brasileira da GM demitiu na cidade em torno de 10% da força de trabalho.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos fez uma assembleia no turno da manhã, com cerca de 2,1 mil funcionários, e outra com o turno da tarde, com 1.500 empregados, segundo cálculo da entidade. O clima, como esperado, era de desânimo e receio de que a lista de cortes aumente nos próximos meses.

Foi aprovada a mobilização dos trabalhadores para que se tente reverter a decisão da GM e os desligados sejam readmitidos. O sindicato pede, ainda, a estabilidade no emprego para os cerca de 8 mil funcionários da unidade.

O vice-presidente da montadora, José Carlos Pinheiro Neto, disse que só haverá contratações se o mercado brasileiro voltar ao volume de 2008. No entanto, ele estima uma queda de 35% em 2009. Amanhã haverá mais uma assembleia no estacionamento da montadora, no início de cada turno, para decidir se a mobilização continua.

O presidente global de finanças da GM, Fritz Henderson, disse ontem, ao Estado, em Detroit, que as demissões em São José dos Campos foram necessárias para equalizar a produção ao nível atual de demanda de veículos. “O mercado brasileiro caiu, temos de ajustar a produção. Por isso contratamos trabalhadores temporários”, justificou.

Henderson não confirmou se haverá mais cortes no Brasil. Disse, contudo, que os investimentos programados estão mantidos. Em junho, ele visita o País, provavelmente para anunciar a liberação de parte de US$ 1 bilhão que a subsidiária pede para renovar toda a linha de produtos ate 2012.

Vivaldo Moreira Araújo, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos, disse que não houve negociação prévia para se tentar chegar a um acordo. O sindicato é contra a flexibilização das leis trabalhistas e só aceita discutir com a direção da GM sobre a redução de jornada de trabalho se não houver corte de salário. “Batalhamos pela recontratação dos trabalhadores. Se for preciso, podemos chegar à greve”, argumenta Araújo.

O sindicalista também vai buscar apoio entre os Poderes Executivo e Legislativo de São José dos Campos, além da Igreja Católica e da população da cidade, por meio de reuniões e campanhas.

“Queremos que cresça um movimento nacional contra as demissões e pela estabilidade do emprego”, explica. Ele lembra que a montadora demitiu quase 10% da força de trabalho pouco depois de bater todos os recordes de produção e de conseguir duplicar a produtividade em dois anos. “Quem será o próximo?”, perguntou aos funcionários que estavam na assembleia. Muitos engoliram a seco.

 

COLABOROU CLEIDE SILVA, DE DETROIT