Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Crise desacelera produção de aço, que deve crescer só 1% neste ano

Projeções anteriores do setor eram de expansão de 7% em relação a 2007

AGNALDO BRITO

DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria siderúrgica vai produzir 2 milhões de toneladas de aço bruto a menos em razão da crise econômica que o país enfrenta neste trimestre.

Segundo dados do IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia), a previsão do setor em agosto -antes da eclosão da crise financeira internacional- era produzir 36,2 milhões de toneladas de aço bruto no ano, expansão de 7,4% sobre os volumes de 2007.

A nova projeção para fechamento do ano é a de um modesto crescimento de 1,1% até o final de 2008. De janeiro a dezembro, a produção deve atingir a marca de 34,1 milhões de toneladas.

Ainda segundo previsões preliminares do IBS, a produção de laminados (aços planos e longos) vai cair 4,4% e atingir 24,8 milhões de toneladas no fechamento do ano. Segundo Marco Polo de Mello Lopes, vice-presidente-executivo do IBS, o mercado de aços longos, formado majoritariamente pela construção civil, deve registrar um ligeiro aumento de 2%, mas o de aços planos, insumo para a construção naval e para a indústria automobilística, deve cair 8%.

São duas as razões para essa queda: a paralisação de um alto-forno da CSN no início do ano e a crise financeira que avança sobre a economia real. O consumo aparente (vendas internas, mais importação e menos exportações) será positivo no Brasil em 2008. O crescimento será de 10,6% na projeção do IBS, o que significa o consumo de 24,3 milhões. O problema é saber o apetite da economia brasileira em 2009.

Com tudo isso, a forte confiança vista no início do ano deu lugar a um nível inédito de incertezas sobre os investimentos.

Os US$ 40 bilhões previstos até 2013 (o que elevaria a capacidade em mais 15 milhões de toneladas) podem ser ainda cancelados ou adiados. “Todo mundo está revendo os projetos. Havia uma expectativa de expansão da capacidade para atender a uma demanda. A dúvida é saber se haverá essa demanda. Ninguém vai expandir capacidade se não tem para quem vender”, disse Lopes.

O IBS avalia que o Brasil ainda tem um trunfo: o mercado interno. O problema é saber se haverá estímulos ao consumo, mais crédito para consumidor e efetivo investimento no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Ameaça chinesa

No curto prazo, o instituto teme a importação de aço chinês para a América Latina. A entidade endossou recentemente um alerta do Instituto Latino-Americano de Ferro e Aço aos governos da região para o risco de uma invasão de produtos siderúrgicos chineses. A redução do ritmo de crescimento da China pode gerar excedentes de aço, muito além dos 50 milhões de toneladas vendidos hoje no mundo.