Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Força Sindical debateu ações para enfrentar a crise

A crise econômica será mais aguda nos primeiros quatro meses de 2009 e, desta vez, os trabalhadores não poderão ser penalizados. A avaliação foi feita pelos dirigentes sindicais reunidos na plenária nacional da Força Sindical realizada no dia 2, em Brasília.

Jaélcio Santana

Paulinho, presidente da Força Sindical

“Não dá para aceitar demissões. Vamos parar as empresas que anunciarem cortes de pessoal e negociar alternativas”, disse Paulo Pereira da Silva, Paulinho, presidente da Força Sindical. Ele comentou as reivindicações das centrais sindicais entregues ao presidente Lula para proteger os trabalhadores. Entre elas, estão aumentar de 5 para 10 as parcelas do seguro-desemprego e a correção da tabela do Imposto de Renda, que beneficia a classe média.

Jaélcio Santana

Juruna, secretário-geral da Força

Para João Carlos Gonçalves, Juruna, secretário-geral da Força Sindical, a economia brasileira só crescerá 3% se os trabalhadores lutarem por medidas que levem a esta expansão. “O Estado brasileiro deve ser indutor da economia, investindo, por exemplo, em obras da construção civil e pesada; o governo deve exigir que toda empresa que obtiver financiamento público garantirá os empregos, ou seja, não demitir seus funcionários”, declarou.

Situação nos Estados

Na plenária, os dirigentes fizeram um relato das situações em seus Estados. Nelson Silva de Souza, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, informou que os trabalhadores de sua base, onde se concentram as montadoras, estão enfrentando a crise há 2 meses. “Em 2008, as montadoras tiveram o maior lucro de sua história e a primeira ação depois da crise foi demitir os trabalhadores”.

Jaélcio Santana

Clementino Vieira

Clementino Vieira, da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos),  disse que no próximo dia 10, será realizada uma reunião em São Paulo, com os dirigentes de sindicatos que tenham montadoras em suas bases, para debater a situação, ou seja, demissões e férias coletivas.

Jaélcio Santana

Francisco Dal Prá, secretário-geral da CNTM

Helio Candido, do Sindicato dos Metalúrgicos de Ribeirão Preto, afirmou que nos últimos cinco anos, as empresas do seu setor não davam férias coletivas. “Neste ano as indústrias já comunicaram as férias coletivas e informaram que seus clientes cancelaram 30% dos pedidos”.

O setor de carnes de Santa Catarina está dispensando pessoal, informou Osvaldo Mafra, presidente da Força SC. Ovídio Garcia Fernandes, diretor da Federação dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação do Estado de São Paulo, disse que no interior de São Paulo houve fechamento de frigoríficos e demissões em outros frigoríficos.

“Há informações que 400 mil toneladas de carne não foram embarcadas por falta de compradores no exterior”, destacou. Já algumas indústrias do pólo petroquímico de Cubatão vão dar férias coletivas, porque o governo atrasou a liberação de financiamento para a agricultura, informou Hebert Passos, presidente do Sindicato dos Químicos de Cubatão.

No Ceará, o presidente da Força Sindical do Estado José Fernandes observou que ainda não foi registrado desemprego, mas os investimentos sofrerão atraso, o que significa não geração de novos empregos.

A presidente do Sindicato das Costureiras de São Paulo e Osasco Eunice Cabral ressaltou que é preciso lutar para preservar os empregos também nas pequenas empresas, responsáveis por 60% dos postos de trabalho no País. Mauro Cava de Brito, diretor do Sindicato dos Telefônicos do Estado de São Paulo, declarou que é preciso ficar atento para impedir que os empresários usem a crise para retirar os direitos dos trabalhadores.

Maria Auxiliadora dos Santos, presidenta do Sindicato dos Brinquedos do Estado de São Paulo, lembrou a experiência que passou no governo Collor, no período de abertura da economia quando o Brasil enfrentou forte recessão. “Como anunciávamos as empresas com demissões, as outras que não tinham necessidade também passaram a fazer ajustes. Não vamos tapar o sol com a peneira, nem esconder o que está acontecendo, mas ter habilidade para enfrentar a situação”, destacou.

Para Nair Goulart, presidenta da Força Sindical Bahia, a Força Sindical deve exigir do governo a continuidade das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O presidente da Força Sindical São Paulo, Danilo Pereira, disse que em vez de temer a crise, o movimento sindical deve enfrentá-la com união e organização dos trabalhadores.

O presidente da Força Sindical de Goiás, Rodrigo Carvelo, considerou que existe crise, mas os trabalhadores podem reagir e pressionar os empresários e governo para promover o crescimento da economia.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Capivari (SP) Toninho José Bom, informou que a mecanização do corte de cana provocou drástica redução de empregos no setor. Mas, o pior é que os demitidos não foram requalificados para procurarem empregos em outras áreas.