Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Artigo

Uma grande jornada


por João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical

30/09/2016

Com merecida repercussão nas redes sociais a poderosa manifestação dos metalúrgicos no dia 29 teve pouco destaque nas mídias grandes. Mas, insisto em afirmar, contrariando o ditado de que o que não é publicado não ocorreu, os metalúrgicos deram uma forte manifestação de presença nos tabuleiros sindical, social e político.

O campo metalúrgico manifestou-se em todo o país com paralisações temporárias seguidas de manifestações; isto aconteceu em São Paulo, no Paraná, em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul, na Bahia e em muitos outros estados.

A jornada mobilizou milhares de trabalhadores em repúdio às pretendidas reformas da Previdência e trabalhista, contra a PEC dos gastos e pela retomada do desenvolvimento. Em algumas cidades, como em Guarulhos, por exemplo, a estes temas associou-se à campanha salarial em curso e os manifestantes marcaram presença na Câmara Municipal.

Ninguém deve se iludir: para a classe operária e seu movimento continua importante a “rádio peão” (agora multiplicada nas redes), ou seja, a divulgação interpessoal entre os trabalhadores do acontecido e de suas motivações. Os que manifestaram se orgulham; os que não puderam se manifestar apoiam quem o fez e todos se agregam na direção afirmada.

Das três características que assinalo para a jornada, a saber, seu caráter unitário (que precisa ser aprofundado), sua abrangência nacional e a combatividade dos participantes, esta última chama a atenção. Todos os balanços realizados constatam que não houve uma adesão burocrática de “laço de ouro”, mas uma verdadeira adesão combativa. Os metalúrgicos sabem o que não querem e sabem também o que querem; sabem querer.

Na etapa atual da luta sindical o exemplo dos metalúrgicos frutificará, por percolação em outras categorias, ou seja, pelo sadio espírito de emulação das coisas boas e sua absorção molecular. Com isto se prepara, mais que com pregações ideológicas na cúpula, o movimento amplo de resistência dos trabalhadores, que deve passar, talvez, pela realização de uma nova CONCLAT.