Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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RS já reduz produção e busca alternativas

Sérgio Bueno, de Porto Alegre

A falta de gás no Rio Grande do Sul provocou estragos nas indústrias locais. A Fras-le, fabricante de materiais de fricção para freios, reduziu em 80% a produção ontem e a Gerdau diminuiu as operações das usinas Piratini (aços especiais) e Riogradense (produtos longos comuns). A Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), da Petrobras, suspendeu a produção de diesel metropolitano.

No total, as 87 indústrias gaúchas que recebiam 1 milhão de metros cúbicos por dia, por intermédio da estatal Sulgás, estão sem o produto desde segunda-feira. A distribuidora cortou o suprimento para postos de combustíveis e ontem estava entregando apenas 15 mil metros cúbicos diários para hospitais, residências e estabelecimentos comerciais, ante 1,4 milhão na noite de domingo.

A Fras-le reduziu as operações para adaptar os equipamentos e operar com gás liquefeito de petróleo (GLP) a partir de hoje, disse o diretor superintendente e de relações com investidores, Daniel Randon. A empresa usa 20 mil metros cúbicos por dia de gás e será abastecida pela Liquigás, controlada pela Petrobras, até que o gasoduto seja reparado. Segundo o executivo, embora seja mais eficiente do que o gás natural, o GLP é mais caro e provocará custo extra de R$ 30 mil por dia.

O gás é a principal fonte de energia da Fras-le, que deixou de produzir 200 toneladas de materiais de fricção ontem. Mesmo assim, conforme o diretor superintendente, a empresa já vinha formando estoques para o período de férias coletivas, de 15 de dezembro a 4 de janeiro, e não haverá atraso nas encomendas dos clientes.

A Gerdau explicou, por intermédio de sua assessoria, que diminuiu a produção em Sapucaia do Sul e Charqueadas. A empresa não informou o nível de redução nem quanto de gás natural consome por dia, mas disse que estuda o uso de combustíveis alternativos por “um curto período” e que os funcionários das áreas atingidas estão executando atividades de manutenção e capacitação profissional.

A Refap paralisou a unidade de produção de diesel metropolitano, que consome 300 mil metros cúbicos diários de gás natural. Segundo a assessoria da empresa, a refinaria tem estoques para atravessar o período previsto para a recuperação do gasoduto. O diesel metropolitano é destinado à frota de ônibus urbanos de Porto Alegre.

A unidade da Braskem no pólo petroquímico de Triunfo substituiu o gás natural pelo aumento da compra de energia da AES Sul e pelo uso de metano e outras correntes da nafta sem impactos na produção nem nos custos, disse o gerente de relações institucionais, João Ruy Freire. Segundo ele, a empresa consome 370 mil metros cúbicos de gás por dia, sendo 65% para a geração de 29 megawatts/hora (MWh) e o restante para a produção de energia térmica.

A Marcopolo, fabricante de carrocerias de ônibus, conseguiu adaptar os equipamentos para operar com GLP ainda na segunda-feira e evitou impacto sobre a produção. Conforme a assessoria de imprensa, a empresa usa 3 mil metros cúbicos de gás por dia e a substituição temporária provocará um aumento de 30% a 40% nos custos.