Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Autopeças voltam a demitir após 22 meses

Em outubro, empresas do setor fizeram 700 cortes

Cleide Silva

Após 22 meses seguidos de contratações, a indústria de autopeças registrou o primeiro recuo no nível de emprego, com 700 demissões em outubro, corte que será maior quando forem computadas dispensas ocorridas neste mês. Primeiro elo da cadeia automotiva, as fornecedoras de peças já reagiram à redução da produção de carros e às férias coletivas anunciadas pelas montadoras nas últimas semanas.

O presidente do Sindicato da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Paulo Butori, admitiu que novos cortes devem ocorrer. As montadoras respondem por 70% do faturamento do setor.

Em dezembro de 2006, as autopeças empregavam 199 mil trabalhadores, número que chegou a 231,9 mil em setembro, o mais alto nível desde 1994. No mês passado, o número baixou para 231,2 mil. Apenas seis empresas do interior de São Paulo dispensaram nas últimas semanas 2,1 mil funcionários.

Quase todas as montadoras anunciaram férias coletivas além das programadas inicialmente para fim do ano. Ainda não ocorreram dispensas, mas as atenções se voltam para o início de 2009, quando começam a vencer os contratos temporários feitos este ano por empresas como GM e Volkswagen. Passam de 3 mil as vagas abertas nessas condições.

Em 12 meses, as montadoras contrataram 13 mil trabalhadores e empregam hoje 131,6 mil pessoas, o maior contingente em 18 anos. Ontem, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, admitiu “certa dificuldade” para o setor vender 3 milhões de veículos este ano, conforme previa a entidade.

Para ele, as linhas de crédito para financiamento de veículos ofertadas recentemente pelo Banco do Brasil e a Nossa Caixa – no total de R$ 8 bilhões – são uma medida positiva, mas seu resultado não é automático. “Isso é bom, mas demora um pouco até chegar ao varejo.”

CRÉDITO PARADO

Dos R$ 4 bilhões liberados no início do mês pelo Banco do Brasil, apenas R$ 1,5 bilhão chegaram às instituições. Os outros R$ 4 bilhões anunciados pela Nossa Caixa uma semana depois ainda não estão disponíveis para os consumidores.

Segundo o presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), Luiz Montenegro, alguns dos 15 bancos ligados às montadoras ainda estão juntando documentos exigidos pelo BB para ter acesso à linha especial, que cobra juros de mercado. A Nossa Caixa ainda estuda como será a liberação.

Nos 20 dias deste mês, as vendas de carros novos estavam 20% menores ante o mesmo período de outubro, quando as montadoras reclamavam da falta de liquidez no mercado.